Estéticas da Morte #cinquenta e três
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«Perish the thought, and let the exquisite bird be itself, and nothing more or less than itself. What could be more natural, and more mysterious, than a peacock and a loaf of bread appearing on the scene to celebrate the forthcoming birth of the Saviour?»
(JG Ballard, Miracles of life, pág. 155)
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Na sessão de ontem de Os Livros Ardem Mal, Osvaldo Silvestre relembrou a ditosa sentença de Eduardo Galeano, «Deixemos o pessimismo para dias melhores»; um sorriso embaraçado permeou o foyer do TAGV (eu reparei nisso), acomodou-se habilidosamente em quase todas as fisionomias presentes (algumas bonitas, mas poucas) e, finalmente, deu lugar a uma certa incompreensão – eu diria mesmo obtusidade – dos circunstantes. Silvestre (um «moderador cultural» perspicaz e incisivo, como não há outro neste país), concentrado em Mário de Carvalho, o «seduzido» de ontem, não terá percebido o conseguimento ontológico da sua rememoração, e a sua importância: afinal, o pessimismo é algo que nos assinala e distingue enquanto humanos (é terrível sabermo-nos mortais). Não o esqueçamos: «A natureza humana não suporta tanta realidade». A inflexibilidade poética de Quintais (um auto-reconhecido «pessimista antropológico») recusa, de certo modo, Galeano, e coloca o tom nas fragilidades do nosso córtex reptiliano. No fim do dia somos apenas macacos depilados, assustados com a possibilidade (com a certeza) da morte.
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