Estéticas da morte #dezassete
Contemplei uma derradeira vez o areal. Àquela distância o grito de horror da multidão soava a melopeia com que uma mãe desvelada embala o filho que dorme. Os dois homens, silhuetas longínquas, pouco mais que lémures ao entardecer, debatiam-se na forca armada junto ao rio tornado escasso pela canícula. Já nem sabia qual dos dois era o assassino, se o condenado se o carrasco. Quando aquele morresse, ambos. A brisa soprou um pouco mais forte, pressagiando a trovoada. Nos canaviais da margem a garotada brincava, ainda inocente.
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