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29.5.05

Finitude

Quando olho para mim não me percebo. As olheiras afundadas na magreza ossuosa da face, as rugas balbuciantes na testa cada vez mais espaçosa, as incertezas maiores do olhar cansado delatam a irrupção compulsiva do Outono na minha vida. Os trapos moços com que me cubro, os cremes com que desbarato o precário estipêndio mensal, as horas alongadas na penumbra mesmerizam a rasura do tempo, por breves momentos, sabendo a peleja perdida de antemão mas confiando na sanha guerreira do corte pós-moderno, do retinol A e de um provérbio que de noite torna todos os gatos pardos. Olho-me e não me percebo. O Outono chegou, é já uma certeza firmada no meu corpo, mais tarde ou mais cedo começará a chover.

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27.5.05

Everybody is a body

O amor flui anelando a perfeição de um corpo ausente, que nunca é tão sublime como aquele que dorme a teu lado. Porque se o corpo que almejas existe é porque não é perfeito.

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24.5.05

Ler 2

Com o tempo decidi ler sempre dois livros em simultâneo. Quando expirava a leitura de um deles, a sobrevivência do outro subjugava o inevitável vácuo narrativo de algumas horas, dias ou semanas – por vezes a decisão de escolher um novo livro era tomada a horas proteladas. Ontem aconteceu o inconcebível: finalizei dois livros com poucas horas de diferença. A queda surda no abismo da escolha provocada pela confluência do tempo para um único pólo onde se entrelaçam os meridianos de leitura. Pela primeira vez em longos meses estou só e, suponho, perdido num mare magnum de conjecturas.

19.5.05

Estado em que se encontra este blogue TM



Profundamente na merda.

17.5.05

8:45 am, Coimbra B

Quis dar-lhe um último beijo antes de saltar para o comboio que, ainda não o sabia, os afastaria para sempre. Ela pegou-lhe suavemente na mão e apagou-lhe o sorriso enquanto confidenciava: Ainda bem que vais para tão longe. Já não te amo. Vai ser melhor assim. Acabarás por esquecer-me.

Se ela não tivesse mentido, ainda não sei se por piedade ou por um assomo de crueldade própria dos abandonados, ele teria saltado para o comboio e não para a frente do comboio. Mesmo afogueado de longe, os rostos distantes contemplando-se mutuamente em fotografias amarelecidas, o amor poderia não morrer. Mas assim, subitamente perecido, desse amor restaram somente pedaços espalhados por vários metros e uma culpa perene por expiar.

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12.5.05

Mega-shit?

Não está nada mal a [mega] livraria Bertrand do Dolce Vita de Coimbra: é espaçosa, com uma boa selecção de autores e temas, apinhada de mulheres bonitas – algumas velando as crias que sublevam o playground –, o café é respeitável, a net suficientemente rápida e os empregados ostentando avara simpatia – isto é, são criaturas que não nos importunam constantemente enquanto deletreamos as novas edições do Quixote. Não está nada mal, não. Colocar um LCD com SportTV, em frente aos propícios sofás de design, seria pedir de mais, nem eu me atreveria a tanto. Mas lá que tornava aquela chácara no melhor botequim de Coimbra, tornava.

9.5.05

Risível treva.

Traí-me quando apaziguei a noite no meu ânimo e desprezei a traição que só existe no cerne de uma relação. Tentei gritar mas a noite cobiçou o silêncio. E conseguiu-o. Adeus, prazer em conhecer-te.

6.5.05

Obrigado!



Por me darem uma das maiores alegrias da minha vida.

4.5.05

Define “Homem”. Define “Melhor amigo”.

Ao folhear o dicionário cortejo displicentemente a palavra “misantropo”, reveladora vocabular dos fiapos da minha vida. Odiei tanto os homens que pedi um cão ao meu pai. Aquiesceu. Gosta de mim, assenti. Nessa mesma noite conheci o Noki, um globo de pelo e baba, excrescendo duas orelhas e quatro patas. Crescemos juntos, crescemos bastante, apesar das nossas raças bastardas. O meu corpo glabro, o corpo felpudo do Noki, consciências biunívocas, amálgama de amor inter-específico. Um dia fui embora para estudar noutra cidade. Voltei, cinco dias depois, num domingo de beatífica sobriedade. Noki pressentiu a minha chegada, acercou-se da varanda. Sei que, desde que me recordo, vivo num intenso 5.º andar, inesperadamente rodeado de jardins [e por muita gente de bem, como costuma dizer o meu pai]. O cão não esperou que eu subisse e rompeu dos firmamentos para os meus braços. À nossa volta sussurraram as árvores, Porque ninguém nos ama assim?

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3.5.05

Livros

Com alguma detença respondo ao questionário que o Bruno me legou.
1-Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quereria ser?
Não li o Fahrenheit 451. Mas gostaria de ser o “Moby Dick”.
2- Já alguma vez ficaste perturbado por uma personagem de ficção?

Sim. O “Sueco” Levov e a filha, Merry, inquietaram-me consideravelmente enquanto li “A Pastoral Americana” de Philip Roth. Também Raskolnikov, em “Crime e Castigo” de Dostoiewsky, desassossegou a minha vivência naqueles dias de leitura compulsiva.
3- O último livro que compraste?
Comprei alguns. A saber: “Duelo” de Luís Quintais, “Austerlitz” de W.G. Sebald, “Os cavalos de Abdera” de Leopoldo Lugones; “Sobre literatura e a arte do romance” de Torrente Ballester e “O estrangeiro” de Albert Camus.
4- O último livro que leste?
A noite do oráculo” de Paul Auster.
5- Que livros estás a ler?
“Duelo” de Luís Quintais – o poeta maior da nova geração de autores portugueses –; “Uma visão do mar”, uma colectânea de contos de Dylan Thomas [another great poet] e “Teatro de Sabath” de Philip Roth.
6- Seis livros que levarias para uma ilha deserta?“Diário” de Miguel Torga; “Os Rougon-Macquart, história natural e social de uma família sob o II Império” de Emile Zola; as obras completas de Jorge Luís Borges; “Ulysses” de James Joyce; “Waverley Novels” de Walter Scott e “Flatland” de Edwin Abbott.
7 – Três pessoas a quem vais passar este testemunho e porquê?
Vou impingir o doce testemunho ao Ricardo, à Sara e ao José Pimentel. Por curiosidade e porque sei que posso colher boas sugestões das suas respostas.

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1.5.05

Uma resposta empírica

Um dia, o meu bisavô disse-me: “Tenho 92 anos e continuo a gostar de raparigas de 17 anos. Se gostava delas quando eu tinha 17 anos, porque não hei-de continuar a gostar depois de velho?” Mais nada.