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30.9.03

Filhos pródigos

O grande Socio[B]logue, agora em formato 2.0, e o grande Aviz, em linguagem confidencial, voltam para, mais uma vez, encantar a graça do mundo.

Na floresta dos símbolos

Temo que a fragmentação hodierna das multidões sociais concite a incomensurabilidade das linguagens confidenciais, concebidas em variegadas e fragmentárias áleas, ruas privadas que desfocam e tiram o sentido à vida. Como é hábito, tudo é deitado abaixo, antes que tenhamos a coragem de gostar das coisas.

29.9.03

Não há ausentes sem culpa, nem presentes sem desculpa

No Dicionário do Diabo, o poeta Pedro Mexia pondera e condena a ubiquidade mediática do ex-casapiano Pedro Namora, espécie de reincarnação infecunda de uma personagem de um qualquer Big Brother. Sinceramente, também não sinto estima especial pelo advogado, considero mesmo que a apropriação da Via Sacra casapiana por parte de Namora e do outro pequenito de óculos [não recordo o nome do homem, parece incrivel dada a sua recente e enorme intimidade com todos os portugueses. E não. Não vou procurar no Google. Não me apetece] é reveladora de uma falta de escrúpulos indignante. Say what? As crianças mentem, qualquer pai ou mãe [estas, quase sempre mais presentes] se apercebe que a lágrima de crocodilo é um dos primeiros logros aprendidos pelos catraios.
Finalmente, gostaria de abordar brevemente a entrevista de João Cravinho ao Público, num ponto que me parece crucial: a adstrição do PS, enquanto entidade política, a um caso que não deveria ser politizado. Parece-me [e isto é opinião meramente pessoal, não fundamentada] que a pedofilia é uma patologia que acomete os indíviduos independentemente da sua filiação religiosa, política, etnicidade, paixão clubística, etc. Desse modo, suponho que 1) se Paulo Pedroso é culpado, então a sua falta é pessoal e não partidária; 2) que outros indivíduos de outr@s partidos, credos, clubes de futebol, profissões andam também envolvidos com menores e regendo os destinos de uma rede aberrante e criminosa e que 3) se Paulo Pedroso é inocente, então o direito à suspeição e à conjecturação da falência das instituições políticas e judiciárias em Portugal é lí­dimo. A ver vamos como a trama se desenrola.

Absens heres non erit.


Fingers

Mary Shelley teria desejado que a música acalmasse a [sua] besta. Na bruma esgarçada de uma noite vaporizada por Dionísio e Apolo, a Besta aborda-me, sub-reptícia e inquisitória, imputando faltas impenitenciadas, concerteza inexistentes. No fim disse-me que os amigos eram os culpados. Que tinha lágrima fácil e namorada bonita. Que uma vez os amigos do Porto tinham vindo com ele e os amigos chamaram-lhe "paneleiro". E a namorada do lado dele.Poderá alguém ser aquilo que não é?

27.9.03

Causa e consequência

Vou criar ratos e
ensiná-los a morrer por
uma causa. Guerreiros
indómitos, acraniotas
que choram sob comando.
E fazem chorar quem é contra o mundo.

[Palavras que, depois de ditas, não podem ser apagadas]

26.9.03

Desopresso

Desopresso no pátio
de uma prisão pretérita.
Condeno o meu olhar
e timidamente relembro
que a única forma de augurar
o amor é através dos olhos
de uma mãe.
Eu hoje vi
e chorei.

[Queres casar comigo?]

[Será que vamos ser felizes?]

[Não. Mas que interessa isso?]

O nascimento do homem ou um umbiguismo disfarçado - II

A questão da origem do homem moderno apresenta-se como a mais velha controvérsia no seio da paleoantropologia. Os estudos focalizados na génese do homem moderno encontram-se dominados na contemporaneidade por duas teorias que assumem as posições mais extremadas no seio da paleoantropologia: a Hipótese da Origem Multirregional, postulada seminalmente por Milford Wolpoff, Alan Thorne e Xinzhi Wu (1984); e a Hipótese da Origem Única (mais conhecida entre os leigos por Out of Africa), apresentada primordialmente por Christopher Stringer e P. Andrews (1988).

A hipótese da Origem (ou Evolução) Multirregional aventa, em primeiro lugar, que a variação observada nos humanos modernos deriva, através de uma única espécie biológica, de uma população fundadora que emergiu em África há cerca de 2 milhões de anos atrás. Esta espécie fundadora, Homo erectus, expandiu-se por África, colonizando também a Ásia e Europa. Em segundo lugar, a Hipótese da Evolução Multirregional propõe que todas as populações geográficas permaneceram ligadas continuamente através de trocas génicas e que, embora algumas dessas subpopulações possam ter estado isoladas durante bastante tempo, isso não bastou para alterar a essência da unidade global das populações humanas. Por último, sugere que as variantes geográficas de Homo erectus evoluíram em três grandes áreas geográficas, África, Europa e Ásia, mantendo a sua identidade através de um fenómeno denominado continuidade regional. Epitomizando, a evolução do homem anatomicamente moderno processou-se, como em qualquer outra espécie heterótipa, através da influência dialógica da selecção regional e do fluxo génico. Os defensores desta hipótese negam que a evolução do homem moderna se tenha coarctado a uma área geográfica única, realçando que o vocábulo "multirregional" não implica uma evolução múltipla independente, mas sim uma associação contínua entre as populações regionais através de câmbios génicos.

O modelo Out of Africa alvitra que o aparecimento do homem anatomicamente moderno é um evento recente, tendo acontecido nos últimos 200.000 anos em África. A apresentação do modelo na revista Science por Stringer e Andrews (1988) aventa que a aparição dos humanos modernos em África resultou de um evento de especiação biológica. Desse modo, assim que o homem moderno emergiu em África e iniciou a sua dispersão, a sua hibridização com os humanos arcaicos Euro-Asiáticos seria insignificante, pois pertenceriam a espécies biológicas diferentes.

Em posta subsequente torna-se producente abordar num pequeno breviário as principais abordagens que os defensores de ambas as escolas de pensamento vêm realizando, de forma a introduzir aqui os principais dados empíricos que jogam a favor ou contra cada uma delas.

A ler:
Klein, R. (1999). The Human Career: Human Biological and Cultural Origins. Chicago: Chicago University Press
Stringer, C.; Andrews, P. (1988). Genetic and Fossil Evidence for the Origin of Modern Humans. Science. 239:1263-1268
Tattersall, I. (1999). Extinct Humans. Boulder: Westview Press
Wolpoff, M.; Thorne, A.; Wu, X. (1984). Modern Homo sapiens Origins: A General Theory of Hominid Evolution Involving the Fossil Evidence From East Asia. in Smith, F.; Spencer, F. (Eds.) The Origins of Modern Humans. New York: Alan R. Liss, pp. 411-483


[To be continued]

25.9.03

233

Hoje só me apetece trautear uma canção de uma revista do La Féria. Ou seria um programa de televisão?

O nascimento do homem ou um umbiguismo disfarçado

Finalmente cedo à tentação.
Depois dos fósseis de hominídeos [Homo sapiens] coligidos numa gruta romena [Pestera cu Oase ou "Caverna com Ossos"] e dados a conhecer ao mundo na última edição [Set. 22] dos Proceedings of the National Academy of Science, decidi expor e polemizar a grande questão que, desde os primórdios da Paleoantropologia e até hoje, arrebata os ânimos de cientistas adstritos à área do saber conhecida como Evolução Humana: o advento do homem anatomicamente moderno.
Numa ciência [Paleoantropologia] que nunca conheceu períodos paradigmáticos no sentido de Thomas Kuhn, os fósseis romenos recolhidos por uma equipa coordenada por Erik Trinkaus e os fósseis descobertos pela equipa de Tim White na Etiópia [Homo sapiens idaltu, 160.000 anos!] dimanam como os novos factos cuja apropriação pelo milieux científico e pela cultura popular roça, denodadas vezes, a ficção.
As hostes contendoras vão apresentando as suas armas. Mais tarde começa a história.
[To be continued]

24.9.03

Day after

Sempre me questionei porque é que durante os anos infames do III Reich os progroms acometiam indiscriminadamente sobre padres católicos e homossexuais. Afinal que têm uns e outros em comum?
Cheguei à conclusão que o que os torna a ambos passíveis de desejo de destruição por parte de qualquer opressor é a sua sexualidade heterodoxa, não convencional: a castidade e as relações amorosas com indivíduos do mesmo sexo, respectivamente.

Poema 118

Encontrar-nos-emos outra vez em Petersburgo
como se ali tivéssemos enterrado o sol,
e então pronunciaremos pela primeira vez
a palavra abençoada sem sentido.

[Ossip Mandelstam, Poema 118]

[Nascido em 1891, assassinado num dos gulags de Estaline, em 1938]

Uma visão antitética da maioria [dos prosélitos da esquerda] induz-me a sonhar, não com a Moscovo imperial, mas com o infatigável reformismo e o cosmopolitismo crítico de S. Petersburgo. Com o dilúculo da ditadura de Estaline iniciou-se o obscurecimento da modernidade da cidade de Pedro. Moscovo despojou de Petersburgo a sua condição simbólica de "janela para o Ocidente", impondo o seu novo tipo de modernidade, mais parecida com o radicalismo da Moscóvia de Ivan, o Terrível; que propriamente com a identidade performativa e conversora da Paris russa.

[Sinceramente não sei porque digo a Paris russa, detesto, por exemplo, esta designação símil: Lusa Atenas]

Algures nesta Petersburgo inexistente poderá ser possível recuperar o sol escondido.



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19.9.03

Novas

Confesso que a preocupação me começa a invadir. O Socio[B]logue não alardeia novas postas desde 21 de Agosto. O que é que se passa?

[Não é meu, é de todos]

[Não vou chorar, mas quem não chora quando perde um braço?]

16.9.03

Obrigado Vitor Damas!

O esguio defensor de uma baliza de sonhos abandonou-nos precocemente. Eu, que como tantos, e por causa dele, também um dia sonhei sonhei ser guarda redes aqui lhe presto a minha sentida homenagem.
Obrigado Damas, nunca foste guarda redes, foste um bailarino num estádio de futebol...

Políticas coloniais do Estado Novo, et coetera

Continuo extasiado com o eruditismo revelado no Companhia de Moçambique.
Cuidado RMP, o óptimo material que vem sendo exposto poderá ser utilizado por outros, menos bem intencionados, para uma tese de doutoramento...

Aforismos

Não o conheço, não sei quem me indicou ou como me descobriu.

Mais que sentenças que em poucas palavras encerram um princípio moral, o ideário gira em torno de pequenos versos, frágeis pensamentos, duras perguntas, sólidos sonhos.

Obrigado!

Mas há a vida
que é para ser
intensamente vivida,
há o amor.
Que tem que ser vivido
atè a última gota.
Sem nenhum medo.
Não mata.»
[Clarice Lispector]

Uma questão de neurónios

O comentário de José Pacheco Pereira acerca de mais uma diatribe do Dr. Paulo Portas, demonstra inequivocamente que se JPP mantém apenas metade dos seus neurónios a funcionar, mesmo assim possui mais destas células que todos os PP's conglomerados...
Para a maior parte dos pensadores da realidade coetânea portuguesa é axioma que "os trabalhadores da Marinha Grande ou as operárias da Clark's não vão trabalhar para a construção civil ou como empregadas domésticas". E que "os ucranianos e as cabo-verdianas, os moldavos e as são-tomenses não competem com os portugueses e as portuguesas nos empregos que têm, a não ser residualmente". Para além disso, Paulo Portas olvida que grande parte dos novos desempregados possuem qualificação superior. Ora, será que o líder do Partido Popular imagina realmente um licenciado, mestre ou doutor a apresentar-se a otrabalho num qualquer estaleiro de construção civil? Ou um cabo-verdiano praticamente iletrado a enviar o curriculum vitae para a Câmara Municipal de Palmela, respondendo ao concurso para Técnico Superior de 2ª Classe - Arquitectura?
Não sejamos hipócritas, os imigrantes sustentam hoje a Segurança Social portuguesa. Os dados estatísticos assim o confirmam. E eu estou a falar numa lógica meramente economicista e neoliberal...
Alguém quer lembrar ao Dr. Paulo Portas, católico, o que a Bíblia (designadamente no Novo Testamento) e as Igrejas preconizam acerca da solidariedade entre os povos? Por favor, Dr. Portas, comece a pensar, use os seus neurónios...


15.9.03

Thiago, Zé Pequeno, Fernanda: O Brasil Inexistente

Não conheço pessoalmente muitos brasileiros. Um que conheço bem, o Thiago de Belém do Pará, é um daqueles amigos que fazem, de uma noite perspectivada negra, um carnaval. Quando conheci o Thiago perguntei-lhe de forma ingénua: "no Brasil dizem tantos palavrões como tu?".

[Espécie de questionamento para aferição de uma ancestralidade nortenha longínqua].

Mas claro que sim. E o primeiro sinal de que o Brasil das novelas não existe caiu do céu.

[Como granizo no Inverno que eu espero que seja o que vem aí].

Morreu-me esse Brasil das novelas quando vi o Zé Pequeno na Cidade de Deus. Quando vi o labirinto que aprisiona os pequenos deuses da favela. Quando vi que os brasileiros dizem mais palavrões que uma peixeira no Bolhão. Quando vi que na Cidade de Deus, Deus não é. Quando vi que o Thiago pertence a um Brasil que não existe para muitos brasileiros.

[Não vou deixar de ver a Fernanda a ser baleada nas "Mulheres Apaixonadas"]

14.9.03

Golos e barbárie

Rumei ao berço de quem lhe chama assim. Os pardalitos não desiludiram os abutres. Mais que a vitória fica a frase de um anjo a meu lado: "Assim nunca mais venho ao futebol". Porque um golo na baliza errada não justifica a barbárie.

9.9.03

Sorriso

No Azul Cobalto "um sorriso abre mais portas do que um pontapé e faz menos estragos". E pode fazer-te passar a tarde com quem quiseres.

A propósito de religião e riso

Francisco José Viegas afirma que "uma religião sem riso, sem humor e sem alegria está sempre a pisar os caminhos do terror". Rememoro o fabuloso debate em O Nome da Rosa de Umberto Eco, entre Guilherme de Baskerville, Jorge de Burgos, Ubertino Casale e outros, acerca do riso (riso que acaba por estar no centro da trama narrativa). Da altercação surgiu a hipótese de Jesus não ter rido nunca. Assomo de inverdade.

O riso de Deus ouve-se sempre que nasce uma criança.

"But why doesn't the Gospel ever say that Christ laughed?" I asked, for no good reason. "Is Jorge right?"
"Legions of scholars have wondered whether Christ laughed. The question doesn't interest me much. I believe he never laughed, because, omniscient as the son of God had to be, he knew how we Christians would behave. . . ."

"Perhaps the mission of those who love mankind is to make people laugh at the truth, to make truth laugh, because the only truth lies in learning to free ourselves from insane passion for the truth."

Umberto Eco, The Name of the Rose

14

A Deus profetizava: "existem catorze palavras que juntas fazem com que qualquer mulher se apaixone por ti." "Não sei em que mitologia se inspira essa fórmula mágica", tergiversa o Bruno, evadindo-se da questão.
Três é o número da santíssima trindade, três os anjos que apareceram a Abraão, três os dias que Jesus e Lázaro permaneceram no sepulcro, três os dias que Jonas passou no abdómen do cetáceo. Se a três adicionarmos quatro, número das estações do ano, dos elementos e dos ciclos da vida humana, obtemos sete, o número de Deus, número místico entre os números místicos. Duas vezes sete. Catorze.
E temos o amor.

p.s. Será que aqui o tema "Deus" é pressentido? Talvez um pequeno exercício para abrir outros caminhos.

8.9.03

Rubicão

Sempre que o saldo do meu cartão sms (têmênê) ultrapassa (em queda livre) esse rubicão dos 5€, uma mensagem estereotipada "o saldo do seu cartão é inferior a cinco euros" toma forma nos cristais do meu Siemens (ainda só dá para telefonar, não tem máquina de barbear incorporada). De seguida, segura de si, pergunta se a quero guardar e, só depois, periclitante, se desejo apagá-la. Pois quero. Apagar-te. Sem sequer pensar no espectro da perda , tão apoucada afinal.
E deixar espaço para quem amo.

Crioulina

O Nuno, no Neblina Molhada, pergunta se só a crioulização de culturas produz a reinvenção cultural. Obviamente que não, como o Nuno afirma "é impossível repetir o irrepetível": veja-se ainda a frase de Marx na primeira posta do Daedalus. Para além disso, o sincretismo pode imanar de ideias dissimilares no seio de uma mesma comunidade, agenda política, grupo familiar ou mesmo na mente do mesmo indivíduo. Considere-se, por exemplo, a lista interminável de interpretações das escrituras no seio da Igreja Católica durante os primeiros séculos do milénio transcorrido. Aí, a identidade e doutrina canónicas foram permanentemente contestadas por teólogos imperiais, avinhonenses, cátaros, fraticelli, menoritas, arnaldistas, beneditinos, paterinos, dominicanos, bulgarinos, dolcinianos e tantos outros. Quando, numa posta anterior, me refiro à crioulização cultural pretendo aludir, tão-somente, à obsolescência de velhos conceitos de homogeneização cultural passiva, ainda entranhados em algumas correntes antropológicas hodiernas.

6.9.03

A Deus

Pensei que A Deus era adeus. É vislumbre do nosso berço em terras inférteis, resquício de alegria. Fui lá ver e voltarei.

“A terra é o nosso berço, o mar não. O mar nem mortos lá nos quer”.
Aquilino Ribeiro, Uma luz ao longe

Antropologia e Racismo

Nos últimos anos assistimos ao desenvolvimento de uma pletora de estudos genéticos que culminaram, por parte de quase todos os biólogos, na rejeição do conceito de raça na espécie humana. Porém, e contra as expectativas da Antropologia, o ethnos continua a mover correntes e a clivagem entre o “nós” e os “outros” tornou-se cada vez mais perspícua. De facto, o repúdio dos grupos racizados não se faz coetaneamente em nome de uma postulada desigualdade biológica, mas sim em nome da dissemelhança cultural, encarada como produtora de incomensurabilidades dos sistemas culturais, em que os membros de culturas diferentes vivem em mundos morais distintos. Este neo-racismo, ou “racismo cultural” incorpora uma lógica diferencialista que acentua mais as especificidades culturais dos grupos discriminados que propriamente as diferenças de ordem biológica ou genética (falamos em termos teóricos pois o racismo “prático” continua entranhado de elementos de inferiorização biológica). A ideologia do neo-racismo não postula mais a superioridade ou inferioridade relativa dos grupos humanos, antes advoga as irredutíveis discrepâncias culturais e a incompatibilidade de culturas.
Ao longo da sua história a Antropologia vem ocupando uma centralidade científica na questão do racismo. Num primeiro momento aparece adstrita ao conceito de raça, à cientifização do racismo e à dominação colonial (vejam-se as excelentes postas sobre o assunto no Companhia de Moçambique) e, no período pós-colonial, torna-se co-responsável pelo desenvolvimento de um relativismo cultural de natureza ortodoxa que se vê actualmente instrumentalizado pelas correntes neo-racistas europeias. De acordo com Dan Sperber (1992. O saber dos Antropólogos. Lisboa: Ed. 70) o relativismo abarca duas dimensões: o “relativismo moral” – em que não há valores morais comuns a toda a humanidade – e o “relativismo cognitivo – em que não existe uma realidade comum. Em consequência, as ideologias neo-racistas instrumentalizam o conceito na defesa de um diferencialismo absoluto. O etnocentrismo, assim “naturalizado”, passa a ser uma atitude que possibilita a conservação da diversidade cultural.
Felizmente a Antropologia tem vindo a afirmar um desconforto científico relativamente aos obsoletos conceitos de homogeneização cultural, que lhe permitiu mostrar que nenhum traço cultural é recebido passivamente e que as importações resultam sempre em sincretismos e reinterpretações. A “crioulização” cultural não conduz à morte das culturas mas sim à sua reinvenção.

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5.9.03

Por falar em artista

Francisco
Quarto do fundo (há quem lhe chame escritório)
Ameal
Coimbra
Portugal
Europa
Mundo
Sistema Solar
Via Láctea
Universo

T-Shirt amarela, calções pretos, meia preta

No dealbar de uma semana ajaezada de iniquidades várias chega até mim a boa nova: a futebolada com os amigos já tem recomeço marcado. Na mochila já descansam as vestes do artista.

4.9.03

Ainda Lévi-Strauss

Prometendo voltar à questão do relativismo cultural e multiculturalismo de forma mais aprofundada (agora com a adição do dossier "excisão ritual do clitóris", tema escavado por Bruno e Francisco José Viegas), transcrevo agora uma entrevista do nonagenário antropólogo Claude Lévi-Strauss, no Estado de S.Paulo, nos idos de 97 do século passado. As palavras de Lévi-Strauss assumem, quanto a mim, uma importância desmedida neste pequeno debate iniciado em Avatares de um Desejo pois mostram um etnólogo desiludido que assume inconscientemente uma faceta saudosista que poderá explicar a sua luta permanente contra a destruição da fácies cultural indígena.

"PARIS - Ocorpo, debilitado e franzino, e as mãos, trêmulas, traem a chegada aos 90 anos, que ele completará em novembro do ano que vem, mas o etnólogo Claude Lévi-Strauss não interrompe o ritual sagrado de, toda sexta-feira, ir trabalhar em sua sala do College de France, no Quartier Latin de Paris. Na estante, livros em português sobre os índios cadivéus. "Leio português perfeitamente, mas só falo o caipira que aprendi nas minhas viagens pelo interior", explica.

Ao lado de um mapa do Brasil, pendurado na parede, encimado por alguns artefatos indígenas, o antropólogo fala em saudades do País e lamenta: "Estou velho demais e sei que nunca mais voltarei." Sua última visita ao Brasil foi em 1985 e dela o intelectual não guarda boas lembranças. "Passei pouco tempo em São Paulo e não reconheci o Brasil que amei no passado", diz com tristeza.

Essa fúria destrutiva urbana, aliás, é uma das características dos países jovens que ele mesmo observou em Tristes Trópicos (1955), livro em que contou sua experiência brasileira nos anos de 1935 e 1938, quando, acompanhando a Missão Francesa, lecionou na recém-nascida Universidade de São Paulo, ao lado de Braudel e George Dumas, e fez expedições para conhecer os índios cadivéus, bororos e nhambiquaras. A aventura mudou a vida do jovem de 27 anos, professor de filosofia num liceu do interior da França que, pouco tempo depois, galvanizava a antropologia com livros como As Estruturas Elementares do Parentesco, Raça e História e O Pensamento Selvagem. Após anos estudando os mitos, ele próprio acabou por converter-se num.


Estado - Jovens incendiaram um índio em Brasília. Os trópicos agora estão terríveis?

Claude Levi-Strauss - Li sobre isso no Le Monde. É uma coisa horrível, mas não se pode dizer que é algo específico do Brasil ou dos trópicos, pois acontece também aqui, na Europa Ocidental. Bárbaros ameaçam, surram e matam mendigos e árabes na França, num jogo de ódio e selvageria. São coisas abomináveis, mas não são um "privilégio" do seu País.


Estado - Mas refletem, em parte, a situação de abandono dos índios brasileiros. O que se poderia fazer?

Lévi-Strauss - Antes de tudo, fazer justiça ao povo índio, que teve sua terra espoliada. É claro que não proponho que se lhes devolva todo o continente, porém é preciso dar-lhes terra suficiente e boa, não a destruída pelos garimpeiros. Isso para continuarem a viver, a subsistir e terem condições de fazer a escolha entre manter suas tradições ou fundir-se totalmente à identidade nacional. Sei que muitos não admitem que eles tenham privilégios. Tentar que entendam isso é o que os antropólogos vêm procurando fazer nos últimos cem anos, mas há os conflitos de terra e os índios estão no fogo cruzado desses interesses contraditórios.


Estado - Essa boa-fé na aceitação dos brancos é histórica. Por quê?

Lévi-Strauss - Isso é fruto de uma idéia fundamental, compartilhada pelos ameríndios do norte e do sul do globo. É o jogo do bipartismo: para eles, a idéia da gênese, do bom funcionamento do mundo repousa num equilíbrio sempre instável, um contrapeso de duas partes desiguais e nunca balanceadas. Para os ameríndios, no momento em que o demiurgo os criou, gerou também o "não-índio". Assim, o invasor já existia para eles, inscrito nesse sistema. Por isso, a chegada de Cortez e Pizarro não os surpreendeu, antes era algo esperado, porque o mito já lhes explicava que viria gente de longe. O que teria acontecido se os brancos, ao invés de os massacrar, os tivessem respeitado? Fiz-me essa pergunta várias vezes, em especial após visitar um museu, em Viena, que exibia restos da arte ameríndia, enviada por Cortez, e Dürer, o pintor, tanto admirou. Os invasores preferiram a destruição da cultura que encontraram.


Estado - Os índios assimilaram a cultura dos conquistadores. Houve um sentido inverso de influência?

Lévi-Strauss - Não, foi uma penetração de sentido único, só os índios foram afetados profundamente pelo pensamento europeu. Não podia ser diferente: era o pensamento do invasor. Mas a constatação da existência dos índios mudou algo na Europa, que descobriu não ser o único representante da humanidade e havia um novo mundo, levantando todo tipo de reflexão. Porém, se, hoje, ainda estamos longe de entender o pensamento ameríndio, o que dizer no século 16?


Estado - O que restará para a antropologia, quando esses povos forem assimilados pela tendência atual a uma "monocultura"?

Lévi-Strauss - Grécia e Roma desapareceram há mil anos e sempre somos surpreendidos por novas descobertas feitas sobre essas civilizações. No caso dos ameríndios, quando desaparecerem - não fisicamente, mas sua cultura for assimilada -, será possível continuar a trabalhar sobre suas tradições e mitos. A antropologia será transformada em filologia, em história das idéias, pois há muitos tesouros inexplorados que exigirão anos de estudo. Mesmo essa tendência a um modelo monocultural não é eterna. Ele deve cindir-se em algum momento, romper-se internamente e disso surgirão novas diversidades, sobre as quais não temos idéia nenhuma. A antropologia continuará a estudar as diversidades que se manifestarem entre os povos. Além disso, representantes letrados dos ameríndios estão tomando suas civilizações como objeto de estudo. Isso é ótimo e muito positivo.


Estado - Quais são suas lembranças do Brasil?

Lévi-Strauss - Há uma plêiade de memórias, mas as coloco em dois níveis fundamentais. O primeiro foi o contato com a juventude brasileira, animada por um enorme desejo de saber o que se passava pelo mundo, em compreender as últimas reflexões sociólogicas. Um ardor que nunca mais reencontrei em toda a minha carreira como professor em meu país. Além disso, havia a natureza. Pela primeira e única vez em minha existência tomei contato com tal exuberância, uma natureza diferente da que conhecia e estava intacta, intocada pela ação dizimadora do homem.


Estado - O que o sr. esperava encontrar nos trópicos?

Lévi-Strauss - Não sabia o que esperar. Haviam dito para mim coisas totalmente contraditórias. Meu mestre na Sorbonne, quando lhe falei do meu desencanto com a filosofia e o desejo de novas experiências me disse que, se quisesse fazer etnologia, deveria ir ao Brasil, a São Paulo, onde, contou-me, as periferias estavam cheias de índios. Certamente, para ele, Brasil, Bolívia e Peru eram a mesma coisa. Já o embaixador do Brasil na França, Sousa Dantas, me avisou que todos os índios do País haviam sido dizimados e eu não encontraria nada lá. Entre dois fogos, decidi ir assim mesmo. Foi um choque. Sem falar que a ida ao Brasil também significou para mim e meus colegas uma mudança brusca de condições materiais. Éramos professores de liceus de província e, de repente, havíamos virado professores de universidade, com direito a tratamento de primeira. Havia também a liberdade física, típica dos países tropicais. Não tínhamos mais de usar todas aquelas roupas que nos escravizavam no clima europeu. Sentíamo-nos mais livres.


Estado - Sua chegada a São Paulo coincidiu com o carnaval. Como foi?

Lévi-Strauss - Estávamos na periferia da cidade, mas São Paulo não tinha grandes manifestações carnavalescas. Eram mais grupos pequenos que dançavam pelas ruas e nas casas, de onde saía muita música. Lembro que nos aproximamos de uma delas e eles nos convidaram a entrar, com uma condição: não era para ficar olhando, mas para dançar também. Não digo que dancei, pois passei mais tempo pisando nos pés da minha parceira (risos). Recordo-me de muitas daquelas músicas. Aliás, achei muito do Brasil nas marchinhas de carnaval.


Estado - E as comidas?

Lévi-Strauss - Foi um encantamento. Todas aquelas frutas tropicais desconhecidas e aquela variedade de sabores deliciosos: creme de abacate, leitão com farofa (risos).


Estado - Como foi o trabalho na USP?

Lévi-Strauss - Foi uma chance de tomar contato com os jovens brasileiros, os quais ensinava em francês. Era fascinante estar numa cidade que se transformava a cada dia, uma sensação de estar participando de uma experiência sociólogica única. A ponto de introduzir meus alunos à sociologia e à etnologia a partir do contexto de sua cidade, fazendo com que se interessassem pelo que se passava em São Paulo. Cheguei a pedir como trabalho final uma monografia sobre a rua onde moravam. Os resultados foram os mais interessantes. Foi maravilhoso estudar algo em mutação constante, coisas que mudavam de um ano para outro. Era a sociologia viva.


Estado - Embora criada pela elite paulistana, os alunos da USP vinham de classes sociais menos privilegiadas. Não houve problemas com os professores?

Lévi-Strauss - Sim, os estudantes sentiam-se divididos em face da classe dirigente e da instituição, mas entendiam que precisavam do diploma universitário. Aos poucos, com o contato pessoal diário que tivemos fomos chegando até eles. Afinal, estávamos na mesma faixa etária dos estudantes e isso nos levou a contatos extra-universitários. Nós, professores, tínhamos uma imensa curiosidade sobre o País e nos lançamos num sem-número de pequenas aventuras com eles, que tampouco tinham uma boa idéia do que era o Brasil. Juntos, aventuramo-nos a descobri-lo. Fomos até o Paraná, a fronteira do Paraguai e muitos alunos nos acompanharam, numa relação de igualdade. Logo viramos amigos.


Estado - Houve pressão das elites sobre o que se podia ou não ensinar?

Lévi-Strauss - De forma alguma. Sim, havia grande simpatia por um certo tipo de ensino baseado na tradição de Comte e Durkheim, mais bem vistos do que as novidades anglo-saxônicas. Porém, o rompimento com essa tradição não foi bem um choque. Talvez, mais um sentido de desafio que, na época, eu não percebi e de que só tomei consciência bem mais tarde.


Estado - Vocês chegaram ao Brasil no ápice do nacionalismo. Não sentiram nenhuma forma de xenofobia?

Lévi-Strauss - Não, apenas um certo desconforto por parte dos velhos professores brasileiros que se sentiram ameaçados com a nossa presença. A sociedade, ao menos a que conheci, recebeu-nos muito bem, em especial, o pessoal do Departamento de Cultura, Paulo Duarte, Mário de Andrade. Com esse último fui muito à periferia da cidade para assistir a festas folclóricas e fazer pesquisas. Ele nos iniciou nas tradições populares e indígenas e, juntos, viajamos até Mogi das Cruzes.


Estado - Como era o ambiente cultural de São Paulo?

Lévi-Strauss - Podia ser definido como de uma grande curiosidade, um pouco desordenada, dirigida para todos os sentidos. Um desejo imenso de ser vanguarda, estar nela e não perder nada do que acontecia pelo mundo de novo, de interessante. Havia também Oswald de Andrade, que conheci menos que Mário, pois não tinha a argumentação sociólogica e etnológica desse último. Sua antropofagia não nos surpreendeu, porque na Europa tínhamos o surrealismo e não era de admirar vê-lo em sua versão brasileira.


Estado - Em `Tristes Trópicos' o sr. descreveu a Baía da Guanabara como uma `boca banguela', o que provocou polêmica e até está na letra de uma música de Caetano Veloso.

Lévi-Strauss - Naquele livro decidira descrever, com liberdade, tudo o que me vinha à cabeça diante do que via, minhas impressões imediatas, sem nenhuma auto-censura. Quando vi a Baía da Guanabara, fui invadido por uma sensação de decepção em face do que imaginara. Era uma coisa tão grande, os lugares importantes ficavam tão distantes uns dos outros que, na hora, me veio a imagem de uma boca sem dentes. Não vi porque esconder essa sensação".

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E depois...

Finalmente consinto que o amanhecer volte. Volto a escrever. Depois das Antas tornou-se ainda mais difícil acordar bem disposto.

2.9.03

Knossos

Ninguém se perde no labirinto
No labirinto encontra-se cada um a si próprio
No labirinto não se encontra o Minotauro
No labirinto encontra-se cada um consigo próprio

Hermann Kern (1945-1985)


O erro de Lévi-Strauss (o antropólogo, não os jeans…)

Onde é que Lévi-Strauss errou?, questiona o Bruno no Avatares de um Desejo. A resposta a esta indagação não é fácil, tornando-se difícil extirpá-la de condicionamentos de ordem emocional, que a mim particularmente me tocam, em virtude da desmedida admiração científica que nutro pelo grande antropólogo estruturalista.
Começo por recordar que as posições político-ideológicas facilmente invadem as ciências, assumindo essa irrupção uma conformação difusa e límbica, que, muitas vezes, torna o discurso científico refém de apropriações posteriores indevidas. A tomada de posição de Lévi-Strauss acerca do racismo no clássico Raça e História e no polémico O Olhar Distanciado, resultou numa reivindicação impúdica por parte da extrema-direita francesa de uma parte dos argumentos do antropólogo a propósito da presença imigrante no território da França. Tal se deve sobretudo ao famoso paradoxo presente em Raça e História (Lévi-Strauss, 1989: 91): “ […] para progredir é necessário que os homens colaborem; e no decurso desta colaboração, eles vêem gradualmente identificarem-se os contributos cuja diversidade inicial era precisamente o que tornava a sua colaboração fecunda e necessária. […] O progresso da humanidade […] é uma função de uma coligação entre as culturas. […] Mas a comunicação […] tem como consequência a homogeneização cultural, um apagamento das diferenças que seria mortal.” Estas asserções formuladas com o intuito cardinal de lutar contra o ocidentocentrismo e de salvaguardar as culturas indígenas ameaçadas pelo epistemícidio perpetrado pelo Ocidente, foram canibalizadas por uma extrema-direita populista e sedenta de legitimar cientificamente o seu discurso racista e xenófobo.
O erro de Claude Lévi-Strauss terá sido, pois, a tentação em cair no abismo do relativismo cultural, que, reificando a diferença, acaba por demonstrar a incomensurabilidade dos sistemas culturais. Como afirma Sperber (1992: 95) o relativismo, enquanto postura filosófica e científica, substituiu a hierarquização da diferença por “um apartheid cognitivo: se não podemos ser superiores num mesmo universo, que cada povo viva no seu próprio universo”. O neo-racismo coetâneo não faz mais do que apropriar-se das concepções antropológicas do relativismo cultural, que, se por um lado suspende os juízos acerca da diferença cultural, por outro lado valoriza desmedidamente essa diferença.

Leituras: Lévi-Strauss, C. (1986). O Olhar Distanciado. Lisboa: Presença
Lévi-Strauss, C. (1989). Raça e História. Lisboa: Presença
Sperber, D. (1992). O Saber dos Antropólogos. Lisboa: Ed. 70

p.s. Parece que estes temas, supostamente desinteressantes para os demais, fruem de boa visibilidade entre pessoas cultas e inteligentes, sendo acarinhados por homens de grande envergadura humana e intelectual.

p.p.s. Depois de um dilúculo ensonado, a leitura de Aviz, Avatares de um Desejo e Companhia de Moçambique fazem-me regressar ao mundo onírico. Obrigado RMP pela intervenção seminal, na blogoesfera, relativamente à história e crítica epistemológica da Antropologia Física.

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Max Webber e José Mourinho: together again

Irão pagar os próximos, afirma José Mourinho. Uma comunicação extraordinária que, como refere Max Webber, é sempre uma situação do tipo profético. O profeta (neste caso, Mourinho) é uma pessoa extraordinária que aparece e desaparece.
Depois do jogo de logo à noite seria bom fruir o seu eclipse na euforia vitoriosa de um nevoeiro verde e branco. E nomeadamente…

1.9.03

Bud Spencer e Terence Hill

Falo aqueles que, como eu, dão por si a rememorar nas mesas de café, nos interstícios de um bar, nas salas de aula e na rua, aqueles quadros com movimento pelos quais perpassavam os últimos e lídimos representantes da animação e ficção puras, autênticos avatares do desejo de ser herói e de lutar contra o Mal do lado do Bem.
Bell e Sebastião, Kitt (qual Justiceiro, qual quê!), Tom Sawyer, MacGyver, Soldados da Fortuna, O Pequeno Pónei, A Floresta Verde, Academia de Polícia, Os 3 Dukes, Gallactica, Mighty Mouse, Heidi, Abelha Maia, Formiga Ferdy. Outros tantos. Tantos outros.
E Bud Spencer. E Terence Hill. Quis re(a)vê-los. Os fantásticos heróis do Oeste e de tantos outros cenários. Nada. Nem em VHS quanto mais em DVD. Lacónico e sarcástico o empregado do "Clube de Vídeo".
Se calhar é um daqueles meninos que não teve infância.

O melhor noticiário

JCD refere no Jaquinzinhos a visão apologética de Eduardo Cintra Torres acerca do pior noticiário das nossa televisões. Ainda não tive oportunidade de deletrear as palavras de ECT, pelo que o meu discurso encaminhar-se-á directamente para dois fantásticos momentos telejornalisticos das RTP's e SIC's.
O primeiro, no primeiro (canal), refere-se à entrada em directo, no Jornal da Noite de Domingo, a partir do garrafão da Ponte 25 de Abril, entremostrando o abandono massivo (parecia uma coluna de refugiados) do cálido meridião por milhares de portugueses. O que eu questiono é a pertinência jornalística de uma notícia repetitiva (todos os anos a mesma coisa, em Agosto de 15 em 15 dias, etc.) que não interessa a ninguém, possivelmente só a quem está enfiado nos carros (mas esses não têm acesso à caixa colorida). Uma linha editorial assim, paupérrima, não produz serviço público frutífero, produz aberrações noticiosas.
O outro momento hilariante foi-nos gentilmente oferecido pelo Tele-lupanar da Tarde de hoje, na SIC, encontrando-se inserido na reportagem sobre o adiamento das inquirições do processo de pedofilia na Casa Pia. Pasme-se quem não viu: o jornalista entra num café e pergunta ao sorridente comerciante quantas bicas tinha vendido nessa manhã e outras alarvidades do género. Meu Deus, é para isto que se estuda um ror de anos nas faculdades de Letras?!, para questionar as pessoas acerca das bicas? Mais uma vez: a quem é que interessa esta notícia? Se uma notícia assim é posta no alinhamento de um jornal televisivo é porque alguém a consome regalado. Mas quem?
Não falo da TVI porque, depois do que tive que aguentar nas outras duas fábricas de cerveja (depois de umas quantas a malta começa a ver coisas esquisitas), pressenti que algo pior poderia acontecer...



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