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27.8.03

Laziali

Diz o Bruno em Avatares de um Desejo "Depois da recepção no aeroporto, a claque do Porto irá estar presente amanhã no Estádio do Bessa para apoiar … a Lázio. Pretextos: 1 a presença de Sérgio Conceição e Fernando Couto na turma italiana 2 o parentesco entre as cores emblemáticas do FCP e da Lázio. Objectivo: Irritar os 6 milhões de benfiquistas (ainda estou para ver os Censos de 2001)".

Concordo querido amigo, mas olvidaste aquele que para mim será o principal e infeliz ponto em comum de muitos indivíduos pertencentes a claques por essa Europa fora: o estranho e deletério fascínio pela velha ordem do fascio.

Americanices/Burrices

Cita A Sombra: "A ignorância do norte-americano médio, para nãoo falar na generalidade, em questões internacionais é imensa e, no que toca à  História das Relaçõees Internacionais ainda maior".

É óbvio que a generalidade dos portugueses rescende um certo anti-americanismo, muitas vezes boçal e sem qualquer fundamento. Eu próprio, que tento não julgar o todo pela parte, caio por vezes numa forma comum de elitismo etno-, socio-, eurocêntrico relativamente aos naturais dos E.U.A. Os moldes elitistas a que me refiro são variegados, contudo quero referir somente uma situação diversas vezes evocadas por grandes intelectuais lusos.

Quantas vezes se fala, em conversas informais no quadrado luso, da propalada estupidez geográfica dos americanos ? Quantas vezes se evoca aquele mito urbano sobre a incapacidade de um americano ordinário não conseguir apontar Portugal no mapa-mundi? Toda a gente já ouviu essa conversa. Até pode ser que seja verdade, mas penso que ninguém possui dados concretos sobre o assunto. É certo que Shaquille O'Neill, estrela dos LA Lakers, julgava a Espanha adstrita ao México, mas... Ele é jogador de Basquetebol, não um geógrafo.

Seja. Reconheço alguma ignorância geográfico-histórico-sociológico-etc. ao americano médio. Mas?, e o que dizer dos portugueses, meu Deus? Será que sabem apontar o Bangladesh ou a República Centro-Africana (República CENTRO-AFRICANA) no mapa? O americano médio desconhece onde fica Lisboa. E o português médio, saberá onde fica Atlanta? Como diz, e bem, o Jaquinzinhos, "Para o tal americano médio, uma notícia sobre Portugal tem a mesma relevância que uma notícia sobre o Condado de Oulu para um português". Para além disto, será que todos os portugeses conseguem decifrar as garatujas incompreensiveis dos eruditos textos insertos no Diário do Fundão ou no Amigo do Povo? E o que dizer daqueles que penetram nas universidades portuguesas com médias de 5 e 6 valores? Ou daqueles jobens friques a balbuciar ideias incoerentes nos festivais de Verão?
Por favor, alguém lembre aos 10 milhões de intelectuais lusos aquele ditado dos telhados de vidro.

26.8.03

Amorosa

Dias que não foram dias mas anos. Não sei se foi o fim ou o início de algo que não posso nem quero definir. Nas areias de prata senti o meu destino. Tu.

Alexandre e Bush; Dário e Saddam

Contínuo persuadido que assemelhar a intervenção americana no Iraque com a ingerência bélica no Vietname há três décadas revela uma falta de conhecimento histórico e sobretudo, uma carência no domínio de uma ciência designada por estatística. Pois é senhores analistas, no Vietname pereceram quase 60 mil soldados americanos, no Iraque, a cifra de homens (e mulheres) tombados, embora aumente todos os dias, é bastante mais reduzida.
Não deixa de ser preocupante, contudo, a lista diária de baixas. Os ideólogos da nova direita ultra-liberal (atrevo-me a chamar-lhe fascista) são, ao contrário do patético Bush filho, indivíduos de elevado escol cultural, subtraídos de contextos académicos e empresariais de inegável valor. Leram, viajaram, estudaram, aprenderam. E eu aposto que leram avidamente o pequeno manual para déspotas escrito por aquele florentino magnífico de nome Nicolau Maquiavel.
N’O Príncipe pode ler-se um capítulo (Cap. IV: Porque motivo o Reino de Dário ocupado por Alexandre não se revoltou contra os seus sucessores após a sua morte) em que Maquiavel discorre sobre os modos como os principados são governados de duas formas díspares. Num país em que os moldes de poder se aproximam de uma soberania totalitária em que todos são dependentes do soberano é difícil a um potentado estrangeiro tomar o poder pelas armas, discorre Maquiavel. Não obstante, “[…] depois [da vitória], o vencedor nada tem a temer”. Ou seja, a dificuldade para tomar este tipo de estados consiste, de acordo com Nicolau Maquiavel, em vencer o seu soberano em batalha. O passo seguinte consiste em aniquilar a sua família e “[…] exterminada esta, não há ninguém a recear”.
O suserano Dário, Saddam Hussein… Alexandre, George W. Bush… Depois da prosternação das cúpulas iraquianas e da morte de Uday e Qusay, os falcões de Bush rejubilaram com o iminente e recidivo avatar da conquista do reino de Dário, desta vez no Iraque. Não avaliaram o poder da estatística. Os soldados americanos continuam a cair.

25.8.03

Ah Trotty... Será que tinhas razão?

Fruindo a modorra numa cidade entorpecida pelo dolce far niente de Agosto, peguei na mana e nos dois primos e persuadi-os a rumar ao cinema. A escolha recaiu sobre Inocente ou Culpado? (uma tradução feliz do título original: The life of David Gale), uma narrativa competente, holywoodesca, que, de acordo com um crítico da praça nacional, peca pelo excessivo sectarismo anti-pena de morte. Não vou aqui discutir a qualidade do argumento, da fotografia ou da realização; ou mesmo relembrar o tal comentador do facto da cinematografia neutra e acrítica ser apanágio da filmografia ortodoxa provinda de Holywood, o que normalmente a predispõe a ser por isso criticada pelos entendidos nacionais.
Não. Quero rememorar somente que a Lei de Talião, escrupulosamente observada, com variantes religiosas e culturais, por fanáticos defensores da pena de morte nos Estados Unidos da América, na China, na Nigéria, em Cuba, em Israel (aqui de uma forma mais encoberta, ou talvez não) ou no Paquistão, rege sistemas judiciários que pretendem castigar o homicídio (quando não o roubo de um mísero quilo de arroz) com outro homicídio. Lembram-se de uma passagem em O Retrato do Artista Quando Jovem de Joyce, quando o reitor do colégio prelecciona as virtudes do cristianismo e discorre sobre as penas eternas no inferno? Esta mesma: “[…] foi preso […], escarnecido como um louco, posto de lado para dar lugar a um ladrão vulgar, flagelado com cinco mil látegos, coroado com um coroa de espinhos […]. E contudo, mesmo então, nessa hora suprema de agonia, o nosso piedoso redentor apiedou-se do género humano”. Falava de Jesus, o filho de Deus. Talvez por isso ele pudesse perdoar. Por ser filho de Deus e ele próprio Deus.
E nós? Nós não perdoamos!, nós matamos quem mata! “Somos maus”, nós, simples humanos, reflectia pesarosamente Trotty Veck nas frias ruas da Londres de Dickens.

Hollydays in Cambodia

Após semana regalada (com alguns daqueles de quem mais gosto) em local paradisíaco mas pouco atreito a modernices tais como o acesso à grande rede global, volto ao Daedalus (espaço de liberdade) com a certeza de que ninguém é livre se viver na ignorância.

p.s. O título (Dead Kennedys) é só para armar, talvez devesse mudar para Férias na Amorosa (praia linda, tenho que escrever sobre ela...). O que acham?...

15.8.03

Ciências...

Afirmando desde já que me movo em areais movediços, quero referir-me brevemente ao contencioso que se vem afirmando na blogoesfera sobre ciências naturais, sociais, humanas, duras, puras, ou seja lá o que for. A questão, quanto a mim, reside, não na validade institucional e moral conferida pelo meio académico no seio de cada uma das diferentes exegeses científicas, mas no desenvolvimento de uma epistemologia que promova a censura da ciência descuidada e acrítica, contribuindo para o bem-estar de todos os seres humanos e não só de uma gloriosa elite económica e social.
Émile Durkheim erigiu a sua apologética sociológica com intenções eivadas de racionalismo científico. Durkheim afirma-o explicitamente: “O nosso principal objectivo é estender à conduta humana o racionalismo científico”. O mesmo se passou com a Antropologia postulada por Lévi-Strauss ou a Línguística de Ferdinand de Saussure. A minha interpretação destes factos leva-me a concluir que as denominadas ciências sociais, para se demarcarem da filosofia, por exemplo, terão que possuir mecanismos epistemológicos que as apartem de conjecturas poéticas e não confirmáveis e que as aproximem dos mecanismos de conhecimento das ciências ditas naturais. Tal não quer dizer que as ciências naturais detêm o monopólio do conhecimento “canónico”. Pretendo, tão-somente, salientar as semelhanças genésicas entre ciências sociais e naturais. Para que não aconteçam mais episódios aviltantes para as ciências sociais, como o protagonizado pelo físico Sokal, em que o conselho editorial de uma revista de prestígio internacional, Social Text, aceitou acriticamente para publicação um texto feito de nadas.

Referências:
E. Durkheim. Règles de la Méthode Sociologique. Paris, PUF, 1973, p. 14
C. Lévi-Strauss. Tristes Trópicos. Lisboa, Edições 70, 1955

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Canhotos e Demónios

Parece que se celebrou há alguns dias o Dia Mundial do Canhoto, isto é, o Dia Mundial daqueles que utilizam preferencialmente a mão esquerda. Pelos vistos, e de acordo com as definições de canhoto encontradas nos dicionários de língua portuguesa (eu recorri ao dicionário do Instituto Houaiss de Lexicografia, uma pérola do Círculo de Leitores), também se celebrou o Dia Mundial do Diabo, do falto de jeito, do inabilidoso, do desastrado, etc. É triste uma pessoa sentir-se discriminada por ter o cérebro ao contrário, até o Prof. Marcelo foi obrigado, devido a acidente infeliz, a usar a mão direita no exame da 4ª classe, ele que até à altura era um esquerdino (seria também esquerdista?) inveterado.
Eu, que sou destro, congratulo-me com o facto de não ser o Demónio e um desajeitado, que no fundo, e se levarmos à letra o que enuncia o Houaiss e outros, é o que são todos os canhotos. Estão a ver a Gioconda, aquele retratito no Louvre? Só podia ter sido pintada pelo Porco Sujo, que ainda por cima não tinha jeito nenhum para aquilo.

p.s. Mestre Leonardo era canhoto, logo, era o Diabo e não possuía habilidade… Acreditem. É só abrirem o dicionário.

14.8.03

You Handsome Devil

A referência, em avatares-de-desejo, a um assomo liminar e estruturador da consciência humana (o sonho) adstrito ao uso do fogo pelos primeiros Homo (refiro-me obviamente à sistemática de Lineu, e.g., família Hominidae; género Homo, espécie Homo habilis) é, quanto a mim, plena de fundamento, científico e empírico. É mesmo uma matéria quase dogmática nos terrenos da Evolução Humana e Paleoantropologia. O sonho, que nasceu de um conúbio do homem com o fogo, tem, diz A Origem do Amor, papel importante na trama incendiária que urde o país. Assim, o desígnio que move os bombeiros na sua ânsia de ab-rogar a pletora de demónios (tão belos e aprazíveis para alguns: os tão propalados dementes e agentes pirómanos vendidos às madeireiras) dispersos pelo país, consagrados à destruição de manchas desmedidas de floresta, vidas inteiras de trabalho e, miseravelmente, também a vida humana, enquanto fenómeno biológico e social, é o sonho ímpar de apagar fogos.
Um fenómeno interessante, despoletado pela comunicação social pátria, refere-se à narração de uma individualidade heróica do bombeiro, enquanto ser redentor. A “secreta singularidade”, de que nos fala Michel Foucault, deste aventureiro destemido, parece residir no tal sonho de apagar o fogo, que afinal não passa de uma variante do sonho do Bem em vencer o Mal, dos arcanjos do Céu vencerem os demónios do Inferno. Seja. O bombeiro-herói tem toda a razão de ser.
Nós, os dos blogues, das televisões, das rádios e dos jornais, evoluímos na escrita que nos permite apreender e tomar posse do mundo exterior. Só que a escrita, na realidade, não apaga fogos, mesmo que o sonhe fazer.

As (des)culpas dos ausentes

Enquanto ouço na TSF que agora é a vez do Algarve, com Lagos, Silves e Aljezur na testa de batalha, pleitear as flamas eversivas de um Verão já infame, perpassa pela minha mente a questão que por certo incomoda todos os portugueses com mais de 8 anos: de quem é a culpa?
Infelizmente para a nossa cada vez mais depauperada floresta, esta indagação não parece ter uma resposta fácil e perspícua. Se por um lado atrai a muitos considerar levianamente que a culpa é somente do Governo coetâneo (o do cherne), outros são prosélitos de teorias que advogam a culpa de um punhado de tolos socialmente desestruturados; dos Governos rosa (o do engenheiro, por exemplo) e laranja, alternadamente (os outros serão meros figurantes?); das empresas madeireiras, das empresas que combatem incêndios e mesmo dos bombeiros. É reconhecido de forma indubitável que o Governo conduzido por Durão Barroso cumulou uma sucessão de erros estratégicos que o torna, quanto a mim, como o principal culpado conjuntural da crise, digamos ambiental, de que o quadrado português padece. Todavia, considero que estes equívocos conjunturais são apanágio de grande parte da governação portuguesa, pré e pós 25 de Abril.
O questionamento cardinal, quanto a mim, deverá incidir sobre os erros estruturais de toda a governação portuguesa desde há muitos anos e que não se esgotam na falta de meios de combate de fogos, no mau ordenamento do território florestado, na quase inexistência de guardas florestais ou na não declaração atempada do estado de emergência.
O biólogo e professor na Universidade de Coimbra Jorge Paiva escreve, em artigo no Público, que “há notícias de incêndios florestais desde o século XII, mas não eram devastadores […] Isto porque a floresta era, nessa altura […], dominada por ‘folhosas’[…]”. Os culpados primordiais da catástrofe ecológica, económica e social actual, todos ausentes da cena política e social hodierna, são, pois, os fomentadores dos Descobrimentos, os responsáveis pela floresta de produção de pinheiros depois de meados de dezanove, os promotores da “eucaliptização” do país depois da segunda metade do século transcorrido e aqueles que, pela sua inércia, deferiram a desumanização do interior e do meio rural, com todas as consequências deletérias que esse fenómeno, designado de forma imprópria como desertificação, acarretou para a floresta.
Espero que os actuais governantes não continuem a desculpabilizar-se culpabilizando os ausentes. As memórias dos enganos em matéria florestal estão vivas em muitos centros de investigação universitários, em muitos professores, investigadores e institutos do estado. Reclamo, então, não um retorno ao passado mas sim uma aprendizagem com o passado. As medidas coercivas sobre eventuais pirómanos (tolos ou mercenários a soldo de madeireiras e empresas de meios aéreos), o aumento do número de bombeiros (mais profissionais, bem pagos) e de carros de combate a incêndios, não servirão de nada se o outrora “jardim à beira mar plantado”, de Camões, se metamorfosear num deserto de pedregulhos rodeado de eucaliptos clonados.

«Era uma noite maravilhosa, uma dessas noites que apenas são possíveis quando somos jovens […]. O céu estava tão cheio de estrelas, tão luminoso, que quem erguesse os olhos para ele se veria forçado a perguntar a si mesmo: será possível que sob um céu assim possam viver homens irritados e caprichosos?»
Fiodor Dostoiewski, Noites Brancas

p.s. Gonçalo Ribeiro Teles, o arquitecto paisagista e paladino do ambiente, numa entrevista concedida à Visão de 14 de Agosto, mostra e relembra meios de ordenamento florestal simples, diáfanos e, sobretudo, eficazes...

13.8.03

Alguma definição de Malhadinhas

“Danado aquele Malhadinhas de Barrelas […], reles de figura, voz tão untuosa e tal ar de sisudez que nem o próprio Demo o julgaria capaz de, por um nonada, crivar à naifa o abdómen dum cristão.”
Aquilino Ribeiro, O Malhadinhas (in Estrada de Santiago)

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Ronaldo (o Cristiano), Corto e António Malhadinhas

Conheço homens iguais. Talvez estes três nomes reflictam não mais que isso, homens iguais. Pelo menos em alguma coisa hão-de ser iguais. Eu acho que a sua similitude advém do facto de incorporarem em si um sonho, sonhos.

Lia hoje numa das nossas folhas de couve diárias, daquelas que transmitem notícias desportivas (leia-se notícias de futebol), que o "talentoso prodígio" (meu Deus, que hipérbole) ex-Sporting, Cristiano Ronaldo, vive um sonho real, um momento mágico em que, para além das emoções desportivas propriamente ditas, sobressaem os milhões de euros que vai auferir no colossal Manchester United. Sinceramente, acho que Ronaldo tem futuro como desportista, mas, tornando-se o sonho realidade numa fase tão precoce da sua caminhada futebolística, cogito se esse mesmo sonho não será mais um a engrossar as taxas de mortalidade infantil dos espaços oníricos.

Corto Maltese sonhava a liberdade e o amor, transportando um fado que o afastou, se não da liberdade, da liberdade de esquecer o amor. Até ao fim da sua vida (se é que Corto morreu, Pratt nunca o "matou") o marinheiro sonhou sempre e o seu sonho não se tornou nunca realidade. Talvez daí a sua longevidade enquanto anti-herói. E o Malhadinhas da velha Barrelas? Bem, esse sonhou com a sua própria vida, nos seus últimos estertores, quando quase perdida. Sonhou com o amor, com a riqueza, com a romaria e a feira, com o trabalho. Tudo teve, tudo perdeu, tudo teve.

São iguais os três, mas dois destes homens só vivem no mundo da ficção. Talvez por isso o sonho de Ronaldo seja o único palpável e não etéreo. Talvez por isso não seja o sonho com que eu sonho.

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Estêvão

A carga virtual do blogue extirpa, de um espaço que desejo intimista (não íntimo), a hetero-crítica que cerceia a minha liberdade como narrador de vidas, de histórias e factos: a minha vida, outras vidas e outras histórias, a minha história, porque não?... Anelo por confidenciar algo meu a estranhos, algo como sentimentos, alergias, pulsações, medos, sufocos. A verdade é que tremo, furioso, com a possibilidade de me negarem a liberdade de dizer o que quero, com a possibilidade da minha morte simbólica num admirável mundo novo, que receio não ser ainda o meu.
Não, não quero ser o primeiro mártir da blogoesfera!

Daedalus

Ficou célebre a elocução de Marx segundo a qual a História, se se repete duas vezes, a primeira é como tragédia e a segunda como comédia. Mesmo consciente desse fado, soçobrei ao apelo lânguido da moda blogue, ideando algo que poderá ser não mais que um pálido e cómico simulacro de realidades fenomenológicas (ou blogues, se quiserem) que por imperícia, ou falta de jeito, ainda não convoquei totalmente para o meu regaço. Talvez por uma ilusão de liberdade.