Estéticas da Morte #quarenta e três
Ainda hoje recordo aquela manhã mortiça, de chuva miúda e gente resfriada – os vagares da velhice não me intimidam ainda a memória. Fui ao banco com um trapo azul na cabeça. Mendiguei o dinheiro do cofre estendendo a mão armada. A menina da caixa assustou-se, era esperado, vozeou alto os seus lamentos e desesperos. Surgiu a guarda, de trapos cinzentos, as mãos preparadas com a G3. O meu julgamento vacilou, os meus braços nem por isso. Matei um, dois, todos. Fugi, pernas para que vos quero, escapuli-me para longe. Não me livrei da consciência. Entreguei-me no posto. Quase que me mataram de pancada. Era esperado.
A mão da justiça não foi misericordiosa. Poupou-me para que viva apenas na morte dos outros.
A mão da justiça não foi misericordiosa. Poupou-me para que viva apenas na morte dos outros.
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