Estéticas da morte #vinte e oito
Houve dias em que o sono era necessário. As árvores lá fora também, mas menos. Um dia, tudo isso deixou de fazer sentido. Os meus berros grávidos [de águas esborrachadas na marquesa do hospital de província] arrancaram bocejos espantados da hipertermia das camas. Um braço pendente, tremido de ilusões simuladas. O que era aquilo que saía de mim, de moleirinha em riste? Babel de sangue e carnes puídas. Nojo, vómito. Alguma merda, os três buracos a funcionar. A quererem esvaziar-me: vómito, merda, crianças mortas. A pediatra perguntou-me se eu estava bem. Respondi-lhe que queria ver as árvores lá fora, alguma coisa que ainda vivesse.
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