Estéticas da Morte #quarenta e oito
Morri na praia. Não como as ondas e menos ainda como um tal de Gustav von Aschenbach, cuja história de má sorte (e maus instintos) podemos adivinhar nas poucas páginas de A morte em Veneza. Lembro-me (claramente, apesar da escuridão desta cova) que uns segundos antes de cair para o lado, e para nunca mais me levantar, pensei: ena, sinto-me tão bem! Foi então que senti uma pancada na nuca. Julguei que era um efeito secundário da felicidade que então me apoquentava. Agora, mais calmo, imagino que alguém me quis adormecer temporariamente, com o malévolo intuito de me extorquir a carteira. Tenho pena, a arte de furtar ainda hoje nega as graças de uma boa formação profissional. Aquela pancada matou-me e, pior que isso, deixou mal vista toda a classe dos ladrões.
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