Um país
Este país, é possível que já se tenham apercebido disso, passou directamente do neolítico para a pós-modernidade*. Nos anos 80, quando a agricultura ainda empregava quase metade da população activa (possivelmente estou a exagerar, mas não levem a mal a minha ignorância), a televisão publicitava um filho ilustre da ciência e da técnica, o Rubigan 12, panaceia química para todo o tipo de pragas agrícolas, incluíndo o míldio, o oídio e os gafanhotos bíblicos. Estávamos ainda, suponho, no úbere período neolítico. Actualmente, a agricultura portuguesa, e de acordo com os oficiais dados do INE, já não existe (esqueçamos, for the sake of the argument, o vinho, o azeite e os porcos alentejanos). O Rubigan 12 já não tem honras de canal um e a agricultura desapareceu da televisão - se exceptuarmos as vacas que aparecem a partir da meia-noite e que podem ser adquiridas, mediante bom preço**, para consolada apreciação no display do telemóvel. Portugal, um país pós-moderno: eis uma boa punchline para vender esta terra maravilhosa no estrangeiro.
*Em 2008, a BMW bateu todos os recordes de vendas em Portugal.
**3€ todas as semanas.
Etiquetas: devaneios
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