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29.10.09

Psico-Coaching

«Os livros sobre vampiros», rosnou Dracul, «alimentam-se do logro e da mentira».
«A mentira ainda é preferível ao assassínio.»
«E quem diz que eu sou um assassino?»
«Os livros. Todos eles.»
«Compreende então o que quero dizer? Os livros são mentirosos.»
«Os livros são mentirosos.»
«Foi isso que eu disse.»
«Nesse caso, a própria existência de Dracul pode ser posta em causa.»
«É possível. Nunca reclamei uma existência, uma realidade vivida.»
«Mas não entende o propósito da sua existência? É preciso que Dracul exista, para que o medo possa, também ele, existir.»
«Se querem meter medo às criancinhas usem o Papão. Ou o Homem do Saco.»
«Já ninguém acredita no Homem do Saco.»
«Não gosto de ser vampiro. Não gosto de sangue: a minha bebida preferida é a cerveja. Sagres. Se não houver, ou estiver quente, bebo Super Bock. Mas nunca sangue.»
«Não renegue a sua natureza. Dracul viverá do sangue, e por toda a inconcebível eternidade.»
«Isso não. Para sempre, não.»
«Para sempre, sim. Os livros não o deixam morrer. Os filmes também não.»
«Nos filmes, pelo menos, sou um vampiro bem-parecido. Neste último, não só sou bonito, olhos cor de azulejo, como até me apaixono pela mocinha. Catita.»
«Mariquices. Daqui a uns anos ninguém temerá Dracul.»
«Talvez nessa altura eu possa morrer.»
«Deixe-se disso. Não irá morrer, já disse. Quando a cabal emasculação de Dracul for consumada, a Disney tomará o lugar dos livros.»
Pela primeira vez em muitos séculos, Dracul chorou, gemeu e arrancou os cabelos do peito.
«Ai Deus!, livre-nos e guarde-nos deste espectáculo. Não chore tanto, drama queen. Olhe que vai ser amigo do Mickey. E dos esquilinhos. O futuro é tudo menos uma bela merda.»

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28.10.09

Dracul et alii

27.10.09

E as ovelhas fogem quando vêem o pastor

Maitê Proença com piada


(Steeve Coogan como «Tony Ferrino»)

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24.10.09

Aurélio Pereira*


Depois de Bolaño e do autor javista, a indigentzia que pulula pela bloga descobre mais dois jovens, e obscuros, escritores: Charles Dickens e Denis Diderot.

*TM

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22.10.09

2666

Os mesmos que, na semana passada, liam o 2666, hão-de ler, a partir de agora, a Bíblia. Bem-aventurados aqueles que não têm tempo para a fornicação.

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Balneários masculinos

Pappy grinned: reached out and patted Clyde's beer belly. «Easy there, mother Clyde», he said. «Old Hod is doing all right.»
I'm just trying to be helpful, Clyde thought. But: «Yes,» he agreed, «I am pregnant with a baby elefant. You want to see its trunk?»
Pappy guffawed and they roistered away down the hill. There is nothig like old jokes. It's a kind of stability about them: familiar ground.
(Thomas Pynchon, V, pág. 430)

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Introdução ao inferno #2

Saramago dizendo "Deus não é de fiar: é vingativo, é má pessoa" lembra-me as animadas conversas das empregadas domésticas nos autocarros a caminho do trabalho, revoltadas com a Ivone do "Caminho das Índias" e prontas para, dando com a actriz Letícia Sabatella na rua, tirarem desforço dela. Saramago, afinal, é crente, e fundamentalista, levando a novela bíblica a peito e as "más práticas" de Deus (espécie de Ivone da Bíblia) à conta de literalidade.
(Manuel António Pina, Jornal de Notícias)

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21.10.09

Introdução ao inferno


Isto é uma conjectura (nem isso: é um feeling): Saramago, o escritor, é crente. Devido ao peso do (seu) passado, não convive bem com isso. É como aquele camionista homofóbico que, num dos muitos recessos da mente, até sente carinho pelo corpo desnudo do Brad Pitt (oportunidade para rever Thelma & Louise).

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Entretanto, do lado dos crentes


(Rui Costa: Estou a gostar muito de Jesus)

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20.10.09

A mão

Toda a gente se masturba a pensar nalguma coisa: numa mulher, num homem, na ovelha que pasta mansamente no prado, nos Louboutin da vizinha, na Bianka Keds, big breasted amateur milf. O mundo dos que se masturbam está cheio de imaginação e de relações sem qualquer futuro. Ainda assim, há limites auto-impostos: ninguém se masturba a pensar na mão que embala a coisa.

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19.10.09

A Cribra, uma lenda

A Cribra foi imaginada, ca. 1505, por Hieronymus Bosch. Ainda durante o séc. XVI, terá sido avistada por um certo Jacobus Hupprecht, de Leiden, cujo testemunho foi considerado altamente irregular e nada conforme os ditames canónicos pelo oficiante de St. Lodewijk, padre Luuk Adler. Jean-François Peltier, o naturalista da Societé Philanthropique de St. Dieu des Vosges (e, de resto, membro correspondente da Societé Linneéne de Paris), escreveu sobre ela um artigo conciso, mas definitivo, no hebdomadário L'Agronomie du Midi (Peltier, 1796: 12-845):

Não devemos dizer o que é, mas apenas o que não é. Não é muita coisa: abano, abat-jour, etc. (a lista continua por 512 páginas). Tem cabeça de pássaro com lábios de homem e corpo de rã com orgão sexual de peixe. As afinidades filogenéticas com os répteis são evidentes mas não gosta de sol ou de rochas, e não é peçonhenta. Vive debaixo das árvores e, ocasionalmente, à sombra de uma mulher endinheirada. Nisso, não difere de alguns homens. Alimenta-se de flores, madeira seca e do bagaço de Sémillon.
Há quem afirme a sua não existência, mas sem o conseguir provar.
(Bibbiene Laurent, Seres vivos provavelmente mortos, pág. 191)

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18.10.09

Infelizmente esqueceram-se dos discos da Mafalda Veiga

17.10.09

Kindle

Num livro as palavras contam mais, e têm mais consequências. Reparem nas pobres árvores.

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16.10.09

Passeio Público

(Vitórias e festa)

A democracia portuguesa é um espanto. Uma maravilha. Agrada ao país inteiro, ao menino e à menina, do mais novo ao mais velho, ao pobre e ao rico – e até aos condenados pelos tribunais. Quando há eleições, ainda é melhor: todos, ou quase, são vitoriosos. E as vitórias, normalmente, são “esmagadoras”, reveladoras da “vontade popular”, garantes da continuação/mudança (riscar o que não interessa) das “políticas vigentes”. O cosmos eleitoral não é a preto e branco. É todo preto ou todo branco.

Coimbra, cidade do meio (na geografia, na dimensão), não despreza o cânone. No último Domingo, depois de conhecidos os resultados das eleições autárquicas, celebraram-se as vitórias. Foram muitas e bem distribuídas. O PSD (coligado com o CDS e o PPM) ganhou a capital do distrito. E festejou. O PS ficou em segundo mas subiu a votação no concelho. No distrito, teve a maioria dos votos e conquistou ao PSD as câmaras da Figueira da Foz, de Oliveira do Hospital e de Penacova. Festejou. A CDU elegeu Francisco Queirós e ganhou em cinco assembleias de freguesia. Obviamente, festejou. O CDS não foi a votos mas também ganhou na cidade de Coimbra (à boleia de Carlos Encarnação). É provável que tenha festejado.

O Bloco de Esquerda e o independente Pina Prata foram os grandes derrotados da noite. Não devem ter festejado, até porque nada havia para festejar, mas nunca se sabe: a psique dos políticos portugueses é insondável e excêntrica, facilmente descobre realidades alternativas e mundos virtuais que nada devem ao rigor empírico. A esquizofrenia das eleições autárquicas atinge o seu zénite no momento da comemoração: pela vitória, pelo aumento da votação, pela derrota por poucos. É difícil atravessar um distrito sem notar, nas ruas, a festa de quatro ou cinco cores. Agora, cabe exprimir o óbvio: a festa acabou. O trabalho, não. Nunca acaba, não espera nem diminui.
(Hoje, 16/10, no Jornal de Notícias)

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15.10.09

Melancolia de pássaros

O andorinhão, pássaro insectívoro, caçador breve de moscas e melgas (alimento apenas comestível), possui um sistema de orientação evoluído, quase irrepreensível, que lhe permite, por exemplo, contornar borrasqueiros e tempestades. Raramente se apeia do conforto do vento e fá-lo apenas para nidificar (para doar vida) ou para morrer. O andorinhão dorme em voo absoluto. It sleeps in the wings, como dizem os ingleses. Não sei como o faz, ou porque o faz – talvez se sinta mais seguro arredado da terra, das suas misérias e dos seus parasitas.

Foi ontem (não foi) que encontrei um andorinhão (um milhafre pequeno, pensei) na Reserva do Museu Antropológico da Universidade de Coimbra – Secção das Colecções Esqueléticas Identificadas. Esboçava um voo indefeso e tremelicado, destinado ao chão, não sem antes acometer, com alguma violência, os armários que protegem os crânios de homens e mulheres de segunda morte (são 2000? 3000?). Percebi-lhe a aflição do náufrago, do tresmalhado, peguei-lhe com água de matar a sede e outras delicadezas, mas em vão: ele partira já. Julgo que morreu imediatamente, no momento em que tocou o solo, quando vislumbrou a morte reflectida nas vidraças dos armários e percebeu que era da natureza dele viver só a voar. O resto, aquele bater de asas hesitante, foi apenas um derradeiro paroxismo ou, talvez, uma forma de agradecer a quem o criou assim.

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14.10.09

Manga curta

Calor e ainda mais: a meteorologia (ou Al Gore) faz do ano um triste itinerário.

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11.10.09

Eleições Autárquicas

À luz de qualquer critério possível, razoável e justo, as bactérias são, e sempre foram, a forma de vida dominante na Terra.
(Stephen Jay Gould, Full House, pág. 211)

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9.10.09

Passeio Público

(70x7)
O romance da ortodoxia não é intrinsecamente mau – há coisas que não se querem mudadas, como o sabor do bacalhau seco ao sol; afinal, a estase da tradição configura uma espécie de democracia dos mortos – mas não deve ser lido até às últimas consequências. O corolário é intuitivo: muda-se o que está mal, o que nos faz mal.

Coimbra habita na linguagem e, entre cortejos e serenatas, exalta e cumpre-se diariamente naqueloutra palavra: “tradição”. Há palavras que se agarram às cidades, como a lapa se fixa à rocha. Antiga e monumental, é cidade necessariamente conservadora – apesar dos estudantes, da “Geração de 70”, da “Presença” ou de 1969. Coimbra poderia ter-se detido perante o rumo inflexível do progresso (a todo o preço), mas por uma vez isso não aconteceu: os habitantes e os amigos da cidade contestaram o novo viaduto do IC2, projectado para passar sobre uma parte do Choupal, e, depois do grande murmúrio de protesto, surge o anúncio de alteração do traçado da rodovia - que irá contornar a mata, ao invés de a espezinhar.

Noutros campos, a imobilidade e a satisfação comezinha são para manter. Infelizmente. Não há força, ou sequer vontade, de mudar uma cidade sem dinâmica económica, com um centro histórico esquecido e degradado, com problemas nos transportes e habitação. Os problemas da cidade foram elencados de forma exaustiva pelos candidatos à Câmara Municipal de Coimbra, num debate realizado no Teatro da Cerca de São Bernardo. A percepção com que ficaram os potenciais eleitores presentes é a de que os mandatos de Carlos Encarnação se pautaram pela inacção, pela apatia e pela desorganização.

De facto, pouco foi feito pela cidade nos últimos anos. Não sei se a culpa é de José Sócrates que, segundo o edil conimbricense, execra Coimbra. O que eu sei é que é muito fácil sacudir a água do capote e culpar os outros pelos nossos próprios erros. O povo de Coimbra condescende. Mas se é certo que o criminoso deve ser absolvido até setenta vezes sete, o crime não deve ser perdoado uma única vez.
(Hoje, 09/10, no Jornal de Notícias)

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8.10.09

Nobel da Literatura #2

Disons que l’enfant en moi serait ravi de l’avoir, mais alors l’adulte devrait faire le voyage jusqu’en Suède, et à mon âge, je ne supporte ni les longs trajets ni le jet-lag. Mais l’enfant en moi est très, très fort… John Updike, qui était un colosse – il n’y avait rien qu’il ne pouvait écrire –, ne l’a pas reçu. John Cheever, qui était le Vermeer de la littérature américaine, non plus. C’est dire que pour un Américain, blanc, c’est très difficile d’avoir le Nobel. Je suis juif, j’ai peut-être une chance.
(Philip Roth aqui)

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Esquerda vs. Direita

A única razão a sério para se ser progressista é que as coisas tendem naturalmente a piorar. A corrupção que observamos nas coisas não é apenas o melhor argumento para se ser progressista, é também o único argumento para não se ser conservador.
(G.K. Chesterton, Ortodoxia, pág. 163)

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Nobel da Literatura

Herta? Só conheço o de Berlim.

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7.10.09

Isaltino de Jesus


O lançamento de «O mar em Casablanca», de Francisco José Viegas, é hoje, às 22h00, na Cantina (Lx Factory, em Lisboa). O realizador António-Pedro Vasconcelos apresenta o livro. O Sr. inspector Jaime Ramos andará por ali, mas quem eu gostava mesmo de encontrar era o Isaltino.

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6.10.09

O rei morreu, viva o rei

Conheci dois reis (não sou assim tão velho), Herman e Ricardo. Um desapareceu, o outro aparece demais. Pior que isso: já não me põem a rir desbragadamente (daqui a uns anos, o programa «Esmiúça os Sufrágios» será, ele próprio, um tesourinho deprimente). O novo monarca nem sequer tem nome de gente, GANA, mas é assaz garrido e chistoso. Já conhecem o Bruno Aleixo, conheçam agora o Renato, o Bussaco e o Nélson.
(Bussaco aos 1:13m, genial)
(A imitação melhorada)

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Passeio Público

(Não esquecer)

Ana Jorge, Paulo Mota Pinto, José Manuel Pureza, João Serpa Oliva, Victor Baptista, Pedro Saraiva, Horácio Antunes, Nuno Encarnação, Maria Almeida Santos e Maria do Rosário Águas. Estes são os novos deputados (embora alguns não sejam novatos nestas aventuras) eleitos pelo círculo eleitoral de Coimbra. Asseguro-vos que é boa ideia não deslembrar os seus nomes.

O que é que a cidade pode esperar deles? Independentemente do partido a que pertencem, julgo que Coimbra pode esperar mais, muito mais, dos novos parlamentares – tentarei consubstanciar esta afirmação. Considero, de resto, que a cidade deve exigir-lhes mais e melhor. Afinal, na legislatura anterior apenas duas acções de cariz local foram apresentadas na Assembleia da República. Os números comprovam uma tendência exasperante: Coimbra interessa mas apenas durante a campanha eleitoral.
(Sexta-Feira, 02/10, no Jornal de Notícias)
Facto: os deputados são eleitos por círculos eleitorais, mas o mandato do deputado é nacional. Isto é, a vontade dos parlamentares encontra-se, o mais das vezes, condicionada aos interesses de âmbito nacional instituídos nos programas dos partidos. A indiferença a que os círculos locais são votados resulta, em grande medida, da primazia dada aos problemas globais do país. Por outro lado, muitos dos deputados nem se dão ao trabalho de conhecer as dificuldades porque passam os círculos por onde foram eleitos – isto sim, é muito grave.

Como consequência dos resultados das eleições legislativas, o xadrez político conimbricense reconfigurou-se. Para além do Partido Socialista (PS) e do Partido Social Democrata (PSD), também o Bloco de Esquerda e o Partido Popular lograram eleger representantes por Coimbra. Novas concepções políticas, ideologicamente discrepantes, emergem. A cidade tem tudo a ganhar com isso: aumenta a «concorrência», aumenta a «eficiência». João Serpa Oliva e José Manuel Pureza não devem esquecer que foram os eleitores de Coimbra que os conduziram aos Passos Perdidos – os deputados eleitos pelo PS e PSD também não. Nós, os eleitores, não esquecemos.

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5.10.09

Dicionário da Queda

República Portuguesa. Há um presidente (Sr. Silva) em vez de um rei (D. Duarte), escolhido com ponderação pelo povo após namoro oficial de quinze dias. Em teoria, todos os portugueses podem ser inquilinos do Palácio de Belém mas, na prática, só lá chegam se forem apoiados pelo PS ou pelo PSD (vide Manuel Alegre). As cores da bandeira são o verde e o vermelho, o que é bom e mau, respectivamente. O hino é bonito e exaltante, sobretudo quando tocado com a face pseudo-lepromatosa do Cristiano em primeiro plano, mas integra palavras muito difíceis e de significado obscuro (e.g., «egrégios»=gregos? igrejas?) . O 31 da Armada não gosta. Eu tem dias.

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República

Já não sei o que é mais bafiento: se as anuais «romagens aos cemitérios» ou se as anuais referências às ditas pelos seus detractores.

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2.10.09

Dicionário da Queda

Criminoso. Devo dizer que o interior do corpo é aquilo que há de mais criminoso. Contudo, o crime não é senão exequível por intermédio do exterior do corpo ou de algo exterior (alheio) ao corpo. A mão e a pistola (o exterior do e o alheio ao corpo, respectivamente) rebelam-se poucas vezes (mais esta que aquela, apesar de tudo) face à vontade criminosa do interior do corpo, do que se depreende que, mais tarde ou mais cedo, o crime será cometido - peçamos perdão ao Pai.

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Ardipithecus #2

Referential models based on extant African apes have dominated reconstructions of early human evolution since Darwin’s time. These models visualize fundamental human behaviors as intensifications of behaviors observed in living chimpanzees and/or gorillas (for instance, upright feeding, male dominance displays, tool use, culture, hunting, and warfare). Ardipithecus essentially falsifies such models, because extant apes are highly derived relative to our last common ancestors. Moreover, uniquely derived hominid characters, especially those of locomotion and canine reduction, appear to have emerged shortly after the hominid/chimpanzee divergence. Hence, Ardipithecus provides a new window through which to view our clade’s earliest evolution and its ecological context. Early hominids and extant apes are remarkably divergent in many cardinal characters. We can no longer rely on homologies with African apes for accounts of our origins and must turn instead to general evolutionary theory. A proposed adaptive suite for the emergence of Ardipithecus from the last common ancestor that we shared with chimpanzees accounts for these principal ape/human differences, as well as the marked demographic success and cognitive efflorescence of later Plio-Pleistocene hominids.

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Ardipithecus

To some researchers’ surprise, the female skeleton doesn’t look much like a chimpanzee, gorilla, or any of our closest living primate relatives. Even though this species probably lived soon after the dawn of humankind, it was not transitional between African apes and humans. “We have seen the ancestor, and it is not a chimpanzee,” says paleoanthropologist Tim White of the University of California, Berkeley, co-director of the Middle Awash research group, which discovered and analyzed the fossils.

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1.10.09

É tudo gente


(Catacombe dei Cappuccini, Palermo)
Eu gosto de cemitérios, esses repositórios de memórias e homenagens póstumas. Ali, é tudo gente morta e, ao contrário de mim, pouco abespinhada com as voltas que o mundo dá. Percorro em angústia os epitáfios. A brevidade. A inevitabilidade. A violência do julgamento: O que é o mundo? O que é? Nada. Na realidade, a vizinhança de um cadáver acelera a floração, as mais encantadoras violetas alimentaram-se da corrupção. A terra dos mortos, a própria morte, é fecunda: exquisitum alimentum est.

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