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2.4.11

Passeio Público

(Mea culpa)

É fácil julgar o passado com a vantagem do tempo. E, por vezes, é injusto. No entanto, a atribuição do doutoramento “honoris causa” ao ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra parece ser um bom momento para ajustar contas com o passado do galardão – sem ressentimentos ou desejos espúrios de desforra. O pretérito deslustroso consubstancia-se num nome: Francisco Franco Bahamonde.

Os agraciados com o doutoramento “honoris causa” pela Universidade de Coimbra são muitos, representando várias sensibilidades culturais, religiosas e políticas. Mas nenhum nome na lista de galardoados me causa tanta repulsa como o do caudilho espanhol. Os crimes que Franco cometeu (ou que foram directamente inspirados por ele e pela sua ideologia) foram tantos que nem vale a pena tentar enumerá-los – para uma noção grosseira indaguem-se porventura os livros de história e a wikipédia. Basta referir, como exemplo, que o ditador espanhol mandou executar mil vezes mais pessoas que Benito Mussolini, indubitavelmente um crápula da pior espécie.

O reconhecimento – em ritmo de mea culpa – de que existem nomes “errados” na lista de doutoramentos “honoris causa” pela Universidade de Coimbra não implica uma rasura a posteriori desses nomes; não se deseja a censura indigna de quem mutila as palavras de autores mortos, ou reescreve os seus parágrafos em norma puritana, como se algumas expressões fossem pénis minúsculos de estátuas imperiais.

A desmesura desse tipo de consciência implica, porém, uma reflexão cuidada, um apego maior aos valores humanísticos, éticos e morais de uma determinada personagem – sem exaltações ideológicas. Ao Carbónico sucederá sempre um Pérmico de valores diferentes, um tempo de escrutínio do que passou. Lula da Silva obscurece, pois, Francisco Franco – não porque é um homem de esquerda, mas porque é um Homem.

(Ontem, 01/04 no Jornal de Notícias)

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18.10.09

Infelizmente esqueceram-se dos discos da Mafalda Veiga

18.11.08

Suspensão temporária da democracia

E até não sei se a certa altura não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia. (...) Eu não acredito em reformas, quando se está em democracia... (...) Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se.
(Manuela Ferreira Leite)

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26.3.07

Grandes Portugueses: a vitória bolorenta

Eu já sabia que ia acontecer mas nunca quis acreditar. Salazar ganhou o concurso Grandes Portugueses - e venceu de goleada. Naqueles 40 e tal por cento de votos alocados no rural ditador [a referência a votos e ao ditador Oliveira Salazar na mesma frase é, só por si, um acto de criatividade ficcional] cabem, com toda a certeza, muitas sensibilidades políticas, ideológicas e morais. Para começar, é crível que muitos dos votos no Tonito de Santa Cona Dão procedam dos desesperançados do regime democrático, daqueles que, apesar das liberdades todas e dos dinheiros de Bruxelas, não vêem a vida a andar para a frente. Outra fracção de votos em Salazar deriva do medo ancestral ao comunismo, personificado em Álvaro Cunhal [diga-se que, depois de algumas intervenções de Odete Santos, as minhas dúvidas em relação ao pendor totalitário e estalinista do PCP dissiparam-se completamente]. Mas é certo que uma boa parte dos votos no professor Salazar proveio de uma camada lamacenta que sobrevive nas remansosas águas da sociedade portuguesa - a maior preocupação da incipiente democracia de Abril [por se cumprir?] advirá daqui. Eles andam aí, ninguém duvide disso: proto-fascistas, cripto-fascistas, neo-fascistas, nacionalistas, identitários. E, como se viu, possuem um elevado poder de congregação em torno de uma causa. A vitória de Salazar não é um pormenor de somenos: revela claramente um distanciamento do povo [esse grande desconhecido] em relação ao sistema democrático e, sobretudo, aos agentes do sistema democrático. Enquanto a honestidade for o valor mais alto para o povo, sempre os políticos desta democracia perderão para Salazar-mito. E digo isto com todo o pesar do mundo.

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