Ainda me lembro, tanto tempo depois. As experiências desagradáveis têm esse efeito taumatúrgico de nos condicionar a memória, sobrecarregando-a com aquilo a que um parolo qualquer chamaria de mau karma [essa instituição imortalizada nas sitcoms americanas e nos papéis azuis colados nos postes em frente à Conservatória do Registo Civil...]. Pois é, aquilo foi uma ganda seca, como eu dizia quando era teen e agora também, que sou trini. Na altura calei-me, com medo. Toda a gente gosta desta obscenidade cantante e tocante, pensei, os cabotinos da rádio até faziam de conta que aquilo dava para dançar, outros cerravam os olhos e abanavam a cabeça [enquanto pensavam nas omoletes que comeram ao jantar], mesmo à mete nojo. Livra, mais vale ficar caladinho que podem tomar-me por ignaro, assenti conscientemente.
Mas, afinal, eu não era a única aldeia da Gália que resistia àquela coisa: obrigado por tudo R. Por teres dito que o concerto foi uma m... e que te apeteceu vomitar para cima daquelas calabres que dançavam junto ao palco.