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4.12.09

Passeio Público

(Educar é preciso)

Uma mulher (ainda nova) suportou durante anos, em silêncio, os maus tratos do marido. No limiar do desespero, dirigiu-se à GNR de Montemor-o-Velho e apresentou queixa, esperando livrar-se em definitivo das iniquidades a que estava submetida. Algumas horas depois, o cônjuge matou-a com dois tiros de caçadeira. Mais tarde, este homem atirou sobre a GNR, no interior do posto, matando um guarda e ferindo outro. A história parece banal mas isso só piora as coisas. Nestes momentos, o país parece um pasto de chacais. Os homicídios de mulheres continuam. Às vezes, como em Montemor, outros inocentes são arrastados para o vórtice destrutivo.

Tudo isto é triste, evidentemente. Repulsivo. A consciência plena deste tipo de crimes (a sua autópsia escrupulosa nos jornais diários ou nas revistas de psicologia) parece não acrescentar um sobejo de experiência à dor e à indignação que a morte de uma mulher excita na generalidade das pessoas. Ao contrário do que reclama a horda, uma solução mínima não pode contemplar a pena de morte, a “exposição pública do homicida, que dever arder em frente de todos, nu e paulatinamente”. O regresso às trevas não é admissível.

A solução, se é que existe “uma” solução, deve contemplar as circunstâncias que se situam a montante dos crimes, ao mesmo tempo que deve providenciar segurança às mulheres que decidem queixar-se de quem lhes faz mal. Tudo o que não aconteceu em Montemor, de resto. Educação, civilidade e segurança: deve começar-se por aí. A psicologia e a sociologia podem vir depois – mas sem a estruturação básica do carácter de alguns homens não hão-de resolver nada.
É por isso que uma noção lata de “complexidade” não deve ser esquecida no caso dos crimes contra mulheres. Recusar a simplicidade dos argumentos ou das soluções possíveis é dar armas às mulheres para se defenderem. Montemor-o-Velho, como o mundo, não é a preto-e-branco. O crime (o mal) não se pode reduzir aos fuzileiros, aos toiros ou ao álcool. O crime é a negação da etiqueta social. Como diria o outro: educar é preciso.
(Hoje, 04/12, no Jornal de Notícias)

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7.8.09

«Antropologia para fora»

6.7.09

Irão, Honduras e outros problemas sentimentais

Entretanto, por cá ninguém fala disto. Talvez quando se souber do envolvimento da CIA (ou do papa Ratzinger) no assunto.

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5.2.09

Passeio Público

(Do Choupal até à luta)

Não matem a mata (do Choupal). Eis um bom slogan (apesar daqueles “matem” e “ mata” quase consecutivos: parecem berlindes a rolar na boca), uma “punchline” que condensa maravilhosamente bem a disposição da luta que se excita contra mais um insulto a Coimbra. Refiro-me, evidentemente, ao licenciamento do novo percurso do IC2, de consequências sombrias para um dos “pulmões” da cidade.

O novo traçado do IC2, recentemente aprovado pelo secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, exige a construção de um viaduto localizado entre a Ponte Açude e a ponte ferroviária. Foram sete os organismos oficiais (ICNB, INAG, IGESPAR, INETI, CCDRC, CCDRN e APA - Agência Portuguesa do Ambiente) que integraram a Comissão de Avaliação do impacte ambiental da ponte, e a conclusão retirada dos estudos efectuados confronta radicalmente a decisão de Humberto Rosa: uma nova ponte sobre o rio Mondego e Choupal terá efeitos prejudiciais e definitivos sobre os recursos hídricos, o meio sonoro, a matriz vegetal e as rotinas dos que usam diariamente o precioso espaço verde como zona de lazer e descanso.

Uma nova travessia sobre o Mondego não está, pois, isenta de sequelas dolorosas, perpetuadas na amputação de uma parte significativa do corpo do Choupal, cerca de 4 hectares de massa vegetal.

O licenciamento dessa “ponte não desejada” prefigura, de resto, uma nova experiência de “silenciamento administrativo” da cidadania em Coimbra, depois da “reorganização” da Alta nos anos de 1950 (quem disse que o reductio ad Salazorum não pode constituir um bom argumento?), depois de Souselas, depois da Cultura (com maiúscula) e de Mário Nunes.

O choupal é também um monumento, uma memória erguida da cidade, como a Sé Velha ou a Torre de Anto – e ninguém deseja a obliteração dos claustros da Sé, por exemplo. Coimbra é do Choupal, e o Choupal é (parece ser, pelo menos) de um qualquer projectista insensato. A mata de Vale de Canas desapareceu pelo fogo, a mata do Choupal desaparecerá pelo betão. Coimbra do Choupal, Pardalitos do Choupal, do Choupal até à Lapa: deixem-nos ao menos isso.
(Ontem, 04/02, no Jornal de Notícias)
(Subscrever a petição “Em defesa do Choupal”)

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31.5.08

Boicote

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12.6.07

jUST tHINK aBOUT iT

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26.4.07

São sete dias, sete



O extermínio deliberado, parcial ou total, de uma comunidade, grupo étnico ou religioso – genocídio, que há quem trate as coisas pelo nome – do povo de Darfur parece que só agora se vai visibilizando no selectivo olhar de activistas e media internacionais. Um corpo no Darfur é quase invisível, a carnificina improvável e pouco noticiada. E, no entanto, neste apocalipse no vácuo, neste cenário abominável e quase sem testemunhas, já morreram mais pessoas que nos conflitos do Ruanda, Balcãs e Chechénia amalgamados. O Darfur é somente a ponta do icebergue desértico de uma gigantesca ablação de vidas, modos de ser e esperança, cujo descomunal palco é o Sudão, quase toda a África.

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29.3.07

Quaresma, Ronaldo e outros problemas sentimentais: direito de resposta

Omitiste um ponto importante do meu argumento: eu questiono a bondade argumentativa de quem envereda pela lógica da dispersão e, sem personalizar [referia-me a vozes vindas da direita], mais vezes leio a actuação de um cinismo paralisante do que o utopismo de que falas. Que os filo-israelitas amiúde também apontem para Darfur é algo nobre, e mal seria se as causas fossem exlusivas. Se o fazem com legítimo cuidado pela escala da tragédia e pela omissão mediática - num e outro caso, factos sonantes - ou se o fazem, como frequentemente me parece, com o mero intuito de diluição descomprometodora que desarme consciências políticas é, pois, o busílis da minha questão.

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Quaresma, Ronaldo e outros problemas sentimentais

Talvez a culpa tenha sido do preço das mines, não posso garantir que sim mas é a hipótese mais verosímil. Ficou, portanto, alguma aporia à flor dos argumentos. Dizias tu que a melhor forma de actuar é através do activismo localizado [ao invés de um activismo dispersivo] e eu que não podíamos invocar uma parte dos oprimidos, esquecendo todos os outros [oposição teórica a uma espécie de activismo selectivo]. Referiste, e muito bem, que a causa [palestiniana] convoca, porventura, uma premência geo-estratégica que nenhuma das outras causas invocadas [Darfur, Hmong, Chechénia] possui. Mas - tu, mais que ninguém, concordarás comigo - uma única vida humana é mais importante que uma qualquer relevância geo-estratégica. Reconheço que o trabalho concentrado num único ponto poderá ser mais profícuo mas não me conformo que nos empenhemos em salvar um punhado de vidas palestinianas enquanto olhamos para o lado no Darfur ou no Tibete. Querer guardar todos é utópico? É. Não tenhamos dúvidas disso. Mas é a única forma de continuarmos inocentes. De não sucumbirmos à tentação da sobranceria. Falaste, também, no facto de ser um estado [Israel] que pratica atrocidades sobre uma população indefesa. É verdade. E eu, apesar de ser filo-israelita [como alguém me chamou], condeno Israel pela sistemática violação dos direitos humanos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Mas também condeno o terrorismo de estado praticado pela China, pela Rússia ou pelo Laos. Não apresento soluções, denuncio, que já é mais do que muita gente faz. Faço o que posso num oceano de limitações. Como tu, aliás, e bem melhor que eu.

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16.1.07

O olvido e os hipócritas

Os americanos perderam a guerra na Indochina, saíram de lá à pressa, a correr para os Huey como se não houvesse amanhã. Eu escrevi Indochina porque os americanos não lutaram apenas no Vietname, também o fizeram no Laos e no Cambodja, qualquer um que tenha visto um filme do Chuck Norris sabe disto. No Laos, como no Vietname ou nas guerras índias [e.g., os Pima, de Ira Hayes, lutaram ao lado dos brancos], houve alguns nativos que lutaram do lado americano. Alguns não, uma etnia inteira: os Hmong. Até aqui, tudo mais ou menos normal. Numa guerra há sempre dois lados que se opõem, sejam eles os Troianos e os Dânaos ou os Commies e os Yankees. Com mais ou menos poesia é sempre assim. Só que, em 1973, no estertor da guerra - e ao contrário do que supostamente fazem os famigerados US Marines - os americanos deixaram alguns homens para trás, deixaram muitos homens para trás, e as suas mulheres, os seus filhos, as suas mães. Desde então o governo do Laos assassinou milhares de indivíduos da etnia Hmong. Cubro a cara de vegonha: um antropólogo sueco acredita piamente que o governo não está a matar de forma sistemática indivíduos de qulaquer minoria. Enfim, na antropologia, como em todas as disciplinas, há filhos de muitas mães. Os hipócritas do costume bradam - justamente - contra a ocupação do Iraque e da Palestina mas esquecem os Hmong, o povo de Darfur, os tchetchenos ou os tibetanos. Os americanos não andam por esses sítios a matar gente, portanto não vale a pena gritar por eles. O activismo selectivo é uma vergonha porque se submete a agendas políticas e não a razões humanitárias.

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2.8.04

Honestidade

Confesso que me causa uma ponta de angústia a proliferação de um tipo de argumentário essencialmente anti-americano, por vezes com laivos anti-semitas – quase sempre contraditório, dependendo do assunto tratado – que vai fazendo escola em diversos blogues deste quintal à beira-mar. Já sabemos qual a opinião de diversos bloggers acerca da intervenção americana no Iraque ou acerca do conflito israelo-árabe: tendenciosa, boçal e coarctada por preconceitos essencialistas que obnubilam a realidade e que tendem a interpretar os factos, inserindo-os simplesmente em ideias preconcebidas. Discordo rigorosamente de determinadas políticas levadas a cabo por americanos e israelitas, no entanto, não posso deixar de estigmatizar os argumentos – muitas vezes etnocêntricos – que levam alguns a condenar o que se passa no Iraque e Palestina e que, no entanto, permanecem ou permaneceram calados sobre a situação em Darfur, na Chechénia, nas Filipinas ou Molucas. Alguns que agora afirmam, despudoradamente, que a culpa do genocídio no Sudão é dos EUA: “O Sudão não tem petróleo…” [Rídiculo!]. O sorteio da vida dispensa, por vezes, a ideologia. Basta que haja honestidade.

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15.3.04

A propósito do choque de civilizações

O JMF do Blasfémias e ainda o Pedro Sá do Descrédito! discorrem em redor do possível “choque de civilizações” que tem as suas faces mais visíveis nos atentados levados a cabo por grupos fundamentalistas islâmicos contra países Ocidentais e nas guerras maculadas que Israel e EUA consumam na Palestina e Iraque. Aquiesço quando referem que o programa de trupes criminosas como a Alqaeda tem como intuito a aniquilação total dos valores pelos quais se regem as sociedades democráticas. Contudo, não me parece que haja um “choque de civilizações”, porquanto estamos a falar de marginalidades fundamentalistas, e não de sectores maioritários das sociedades ocidentais e islâmicas. Á primeira vista, as epistemologias ocidentais diferem claramente das correspondentes islâmicas, designadamente ao nível das liberdades fundamentais e dos direitos das mulheres, supondo uma incomensurabilidade destes sistemas culturais que os aparta radicalmente. Todavia, considero que, na realidade, tal apartamento é ilusório, fazendo parte tão-somente das ideologias fundamentalistas cristãs e islâmicas. A convivência normal e assertiva entre comunidades islâmicas, cristãs, judias ou hindus é um facto facilmente comprovável em variegadas partes do mundo e em diversos tempos históricos. Eu chamaria portanto à guerra que se trava, não um “choque de civilizações” mas um “choque de fundamentalismos”.

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