A propósito do choque de civilizações
O JMF do Blasfémias e ainda o Pedro Sá do Descrédito! discorrem em redor do possível “choque de civilizações” que tem as suas faces mais visíveis nos atentados levados a cabo por grupos fundamentalistas islâmicos contra países Ocidentais e nas guerras maculadas que Israel e EUA consumam na Palestina e Iraque. Aquiesço quando referem que o programa de trupes criminosas como a Alqaeda tem como intuito a aniquilação total dos valores pelos quais se regem as sociedades democráticas. Contudo, não me parece que haja um “choque de civilizações”, porquanto estamos a falar de marginalidades fundamentalistas, e não de sectores maioritários das sociedades ocidentais e islâmicas. Á primeira vista, as epistemologias ocidentais diferem claramente das correspondentes islâmicas, designadamente ao nível das liberdades fundamentais e dos direitos das mulheres, supondo uma incomensurabilidade destes sistemas culturais que os aparta radicalmente. Todavia, considero que, na realidade, tal apartamento é ilusório, fazendo parte tão-somente das ideologias fundamentalistas cristãs e islâmicas. A convivência normal e assertiva entre comunidades islâmicas, cristãs, judias ou hindus é um facto facilmente comprovável em variegadas partes do mundo e em diversos tempos históricos. Eu chamaria portanto à guerra que se trava, não um “choque de civilizações” mas um “choque de fundamentalismos”.
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