Quaresma, Ronaldo e outros problemas sentimentais
Talvez a culpa tenha sido do preço das mines, não posso garantir que sim mas é a hipótese mais verosímil. Ficou, portanto, alguma aporia à flor dos argumentos. Dizias tu que a melhor forma de actuar é através do activismo localizado [ao invés de um activismo dispersivo] e eu que não podíamos invocar uma parte dos oprimidos, esquecendo todos os outros [oposição teórica a uma espécie de activismo selectivo]. Referiste, e muito bem, que a causa [palestiniana] convoca, porventura, uma premência geo-estratégica que nenhuma das outras causas invocadas [Darfur, Hmong, Chechénia] possui. Mas - tu, mais que ninguém, concordarás comigo - uma única vida humana é mais importante que uma qualquer relevância geo-estratégica. Reconheço que o trabalho concentrado num único ponto poderá ser mais profícuo mas não me conformo que nos empenhemos em salvar um punhado de vidas palestinianas enquanto olhamos para o lado no Darfur ou no Tibete. Querer guardar todos é utópico? É. Não tenhamos dúvidas disso. Mas é a única forma de continuarmos inocentes. De não sucumbirmos à tentação da sobranceria. Falaste, também, no facto de ser um estado [Israel] que pratica atrocidades sobre uma população indefesa. É verdade. E eu, apesar de ser filo-israelita [como alguém me chamou], condeno Israel pela sistemática violação dos direitos humanos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Mas também condeno o terrorismo de estado praticado pela China, pela Rússia ou pelo Laos. Não apresento soluções, denuncio, que já é mais do que muita gente faz. Faço o que posso num oceano de limitações. Como tu, aliás, e bem melhor que eu.
Etiquetas: activismo, causa palestiniana, Israel, jantar, minis, Palestina
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