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30.8.10

Hey ó #2

"Good gracious, Roderick," he said, "did you have a fall?"
"Fall, my foot," said Spode, "I was socked by a curate."
"Good heavens! What curate?"
"There's only one in these parts, isn't there?"
{P.G. Wodehouse, Stiff upper lip, Jeeves, p. 156}

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20.8.10

Hey ó

Rendi-me aos originais, a preço de saldo na FNAC: «Aunts aren't gentleman», «Stiff upper lip, Jeeves» e «Right Ho, Jeeves». Os livros da Cotovia que me perdoem (sou um bom rapaz, católico, respeitador dos mais velhos e quase sempre sóbrio) mas não pude esperar mais. As promessas com tendência para se eternizarem na badana de outros livros não me picam mais o coração. De qualquer forma, Wodehouse, em portugês, só por intermédio do Ernesto Carvalho («O código dos Wooster»). A tradução de Alexandre Soares Silva («Época de acasalamento») é tão chata que quase destrói uma história genial - como todas as do escritor inglês. Fiquem sabendo.

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15.8.10

Passeio Público

{Cortar o mal pela raiz}
Normal, tudo demasiadamente normal. O calor excessivo, a lentidão dos dias, as cinzas que envolvem os montes após os fogos. O Verão habituou-nos a esta miséria consentida de eucaliptos, maus acessos e bombeiros extenuados. Perdem-se homens e mulheres, paisagens, dinheiro e alguma inocência mas reiteram-se os hábitos que favorecem a destruição do que nos é potencialmente mais querido. Uma mulher, um renque de árvores, um

Quando, em Agosto de 2005, o fogo avassalou Coimbra de uma forma tão violenta quanto rara, pensámos que aquela fantasmagoria dantesca era apenas um acidente do destino, remetida para a singularidade de um acaso pouco feliz. Não obstante, se pouco ardeu entretanto em redor da cidade é porque pouco restou para arder depois do grande incêndio que ocorreu há cinco anos.

Mais tarde ou mais cedo, quando a massa florestal for suficiente para que outro incêndio como aquele suceda, a cidade será de novo cercada pelas chamas e, como já é hábito, os responsáveis políticos irão culpar a falta de meios de combate a fogos, a alienação dos incendiários e a resiliência da canícula. Infelizmente, as coisas são mais graves. Os erros estruturais (mau ordenamento florestal, falta de limpeza das matas, inexistência de guardas florestais) acumulam-se desde há muitos anos e o Verão não mostra qualquer misericórdia pelos equívocos dos homens.

No centro da cidade, os problemas são outros mas também afectam a cobertura vegetal: o Parque Dr. Manuel Braga pode ficar sem os seus plátanos, afectados por não menos que três agentes patogénicos, rápidos e letais. É quase impossível imaginar aquele belo espaço sem as suas famosas e generosas árvores, que acolheram sob a sua sombra múltiplas gerações de conimbricenses. Cortar o mal pela raiz – literalmente – parece ser a solução. Mais um microcosmos que se perde.
{Sexta-feira, 13/08, no Jornal de Notícias}

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13.8.10

Ruy Duarte de Carvalho (1941-2010)


{Nicolas Poussin, 1638-9, Et in Arcadia Ego, Musée du Louvre, Paris}
Poussin talvez julgasse que os pastores cultivam a similitude entre si. Numa imaginação arcádica ou no Namibe parecem os mesmos (irredutíveis, impermanentes, mal-afamados), com os mesmos passos e desencontros, a mesma união centrípeta em redor dos pastos. A sociedade que se estabelece entre os homens e os animais prefigura uma ilusão de harmonia (uma espécie de amanhecer em stacatto) mas, na verdade, é uma desilusão de morte, uma vereda de sacrifício - digna de perdão porque é uma ficção etnográfica (e não uma tourada catalã).
Já não há pastores (o Pato não é um pastor, mas um mero guardador de ovelhas e, se a ocasião lhe é propícia, um seu amante devotado) nem quem os visite.

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Et in arcadia

Iam a eles as criancinhas – agora não, que não o permitem as convenções e a lei – e as moças em idade de morrer, e uma ou outra carmelita com a vocação desfocada. Eram grandes entre os mais pequenos, admirados pela sua sabedoria parca mas eficaz. O seu mundo caía bem cedo na noite, terroso, a picar como o cacto – ninguém percebia o que faziam mas os males apareciam mortos.

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