Foi decerto difícil para ele receber, digerir, a notícia. Catarina morrera na cadeira do jardim, nos fins da tarde, enquanto lia a Histoire naturelle de Buffon. Le Comte e as suas excêntricas concepções da natureza do mundo e do homem aniquilaram aquela alma inapelavelmente crente, católica e submissa.
Ele começou a ler a Bíblia [a de Lutero, de 1574, publicada em Frankfurt]. Queria experimentar o que Catarina sentiu antes de partir. Não morreu - o coração, que sobreviveu ao Génesis, aos Salmos, aos Gálatas e ao Evangelho de Marcos, apaziguou-se. As palavras de Buffon, tautológicas, não eram mais que a ruptura moral com algo - julgava agora - intrinsecamente perfeito.
Antes de fecharem, nas suas costas, as portas do mosteiro, julgou ainda ver a tessitura derradeira de uma escada de homens.
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