Apesar de ti, feliz
Espero por uma espécie de silêncio [Sophia]: todos os teus amigos se riem de nós, não consigo parar de olhar para o chão enquanto eles se sentem enojados pela minha ridícula presença na sala pontuada por caras indecifráveis, intermináveis. Quanto tempo tenho de esperar para to dizer? Não estou para aturar os bois dos teus amigos [de cabelo escorrido, oleoso], não gosto do Bansky nem do Schiele – esse cabrão de merda –, nem das putas das tuas amigas, não suporto que me digam que o futebol não é arte e que o Lichtenstein vale mais que o Maradona. Puta que o pariu, é o que vale. Eu é mai’ bola, sabes? Tudo em mim denuncia o empedernido filisteu: a roupa, espampanante, de marca [toda da Dolce e Gabbana, como o Ricardo Quaresma], o desprezo pelos filmes franceses, pelas exposições de arte e museus [excepto o do Benfica, no estádio da Luz], a olhadela quotidiana aos Morangos com Açúcar, o insondável propósito de boçalidade na linguagem. O que vale é que sou feliz.
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