Apologia do fracasso
Eu, como o Francisco, quando vejo futebol dispenso sermões e moralidades jesuíticas, do tipo Francisco Louçã a olhar de frente para as câmaras enquanto aponta o dedo a metade do mundo emerso. Sou um hooligan irresponsável, chamo nomes aos árbitros e às suas mães, sobretudo a elas, atento confiadamente aos recorrentes atropelos da verdade desportiva – mas só quando o Sporting é prejudicado – e sou engenhoso criador de penalties, faltas e foras-de-jogo contra os adversários da minha equipa. Por vezes, a irreflexão atinge patamares tão estultos que chego a escavacar de forma violenta e sádica elementos de mobiliário que me cercam naqueles momentos fortemente identitários da comunidade imaginada sportinguista, reificados num perspícuo penalti não assinalado, num fora-de-jogo encomendado numa mesa de restaurante ou num cartão vermelho milagroso e, como todos os milagres, falso, exibido a um qualquer jogador verde-e-branco. Mas isto, no fundo, itera a mentalidade de todo o amante da bola, seja ele sportinguista, portista ou academista. Todo o verdadeiro adepto é faccioso, selectivo, inconsciente, amoral.
Há, no entanto, um elemento característico do sportinguista médio, o cultivo sublime da estética do fracasso, que verdadeiramente norteia a identidade do melhor clube do mundo, construída sobre pesadelos e ruínas num esforço de superação que acaba quase invariavelmente no pó dos caminhos. Ganhar, no Sporting, é sempre mais difícil. E isso torna tudo mais belo.
Há, no entanto, um elemento característico do sportinguista médio, o cultivo sublime da estética do fracasso, que verdadeiramente norteia a identidade do melhor clube do mundo, construída sobre pesadelos e ruínas num esforço de superação que acaba quase invariavelmente no pó dos caminhos. Ganhar, no Sporting, é sempre mais difícil. E isso torna tudo mais belo.
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