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22.9.10

Passeio Público

{Conhecimento mútuo}
Existe uma predilecção moderna pela demagogia – ou, se quisermos, pela manipulação primária dos sentimentos das pessoas, independentemente do seu grau de instrução ou conta bancária. Lêem-se diariamente muitos disparates atribuídos ao presidente francês Nicholas Sarkozy, mas até agora nenhum alimentou tanta celeuma como a sua decisão de expulsar famílias inteiras de ciganos de França. O ambiente em França não é ainda o da Löwenbräukeller, em Munique, durante a década de 1930, mas é revelador de um sentimento quase generalizado que perpassa a fortaleza europeia, um espaço cada vez mais claustrofóbico, recluso e inacessível, abafado pelo véu fétido da xenofobia.

Felizmente (e apesar dos inquietantes dados relativos à percepção que a maioria dos portugueses revela em relação aos indivíduos de etnia cigana) nalgumas regiões da velha Europa as medidas repressivas radicais do Estado francês foram substituídas por programas bem mais inclusivos – que não punem a diferença, nem a transfiguram num bode expiatório. Nesse aspecto, Coimbra é um exemplo. A cidade – através de associações de moradores, de plataformas sem fins lucrativos e, também, da Câmara Municipal – tem promovido iniciativas de conhecimento mútuo entre comunidades, empenhou-se no projecto “Planalto Seguro” e implementou uma conjuntura alternativa de coabitação, no bem sucedido caso do Parque Nómada, ou «Centro de Estágio Habitacional», nos campos do Bolão.

Claro que persistem falhas, e deselegâncias: recentemente, cerca de 70 pessoas de etnia cigana foram «convidadas» a abandonar a zona do Bolão. Depois, num acesso de bondade ingénua que soou antes a boutade, o vereador da Habitação Francisco Queirós, aconselhou aquelas famílias a «irem para o Parque de Campismo». Nestas coisas, faz sempre falta um pouco de bom senso, de educação e de conhecimento mútuo.
{11/09, no Jornal de Notícias}

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5.2.09

(Não) ler Ballard


Anda aí gente muito admirada com isto.

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14.8.08

Passeio Público

(O todo pela parte)


Algum tempo depois das escaramuças na Quinta da Fonte, em Loures, o Planalto do Ingote, em Coimbra, foi passado a tiro por uma dúzia de homens. Sem vítimas a lamentar, remanesce o terror entre os moradores dos bairros da Rosa, do Ingote e António Sérgio. Não é possível colocar uma pedra sobre o assunto. Uma espécie de efeito dominó impele a comunidade cigana para os informes dos jornais – e não pelas melhores razões.


O Planalto do Ingote é uma paisagem de atrito. De conflitos e pendências reiterados. A culpa é da droga, dos ciganos (o todo étnico que expia as faltas da parte) e da complacência policial, dizem alguns. O medo é, desde há 20 anos, um dos sentimentos favoritos dos habitantes. Um residente queixava-se ao JN (06/08/2008) que o clima de terror lhe coarcta a liberdade: não pensa sequer em sair de casa à noite. Um amigo, habitante do Bairro António Sérgio, conta-me que, quando andava na escola primária, era assaltado quase todos os dias.


São os factos que criam a realidade. O Planalto do Ingote enferma de um grave problema de segurança e frágil integração de uma comunidade minoritária – não há como negar a evidência. A possibilidade salvífica encontra-se, não em “sociologias de desculpabilização” ou em medidas repressivas extremas (dignas de um estado policial), mas na contemplação de possibilidades alternativas de coabitação (veja-se o bem sucedido caso do Parque Nómada nos campos do Bolão), na não discriminação da população cigana no acesso ao emprego a nível local, na continuidade de iniciativas como o projecto “Planalto Seguro” e, sobretudo, na promoção do mútuo conhecimento entre comunidades.


De facto, quantas pessoas sabem que os ciganos têm a sua origem, enquanto grupo étnico, no norte da Índia? Que a diáspora do povo “romani” persevera há mil anos? Que chegaram a Portugal durante o séc. XV?


É conhecido o temor que inspira o nomadismo, a impermanência: os ciganos, os tártaros mongóis, os mucubais angolanos, todos são (ou foram) olhados com desconfiança pelos povos sedentários. As normas que determinam o semblante da nossa sociedade não se conformam com visões alternativas das coisas. Toda a diferença é punida, quase sempre anima o medo e a rejeição, o primitivo e animal em nós.


É esta ancestral desconfiança que ainda hoje orquestra as relações entre comunidades. A impermanência ainda rima com impertinência.

(Ontem, 13/08, no Jornal de Notícias)

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27.5.08

Demasiado silêncio

Uma cidade, um país. Nápoles, África do Sul. Juntos na vergonha.

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