<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d5676375\x26blogName\x3dD%C3%A6dalus\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLUE\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://daedalus-pt.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://daedalus-pt.blogspot.com/\x26vt\x3d5394592317983731484', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe", messageHandlersFilter: gapi.iframes.CROSS_ORIGIN_IFRAMES_FILTER, messageHandlers: { 'blogger-ping': function() {} } }); } }); </script>

14.8.08

Passeio Público

(O todo pela parte)


Algum tempo depois das escaramuças na Quinta da Fonte, em Loures, o Planalto do Ingote, em Coimbra, foi passado a tiro por uma dúzia de homens. Sem vítimas a lamentar, remanesce o terror entre os moradores dos bairros da Rosa, do Ingote e António Sérgio. Não é possível colocar uma pedra sobre o assunto. Uma espécie de efeito dominó impele a comunidade cigana para os informes dos jornais – e não pelas melhores razões.


O Planalto do Ingote é uma paisagem de atrito. De conflitos e pendências reiterados. A culpa é da droga, dos ciganos (o todo étnico que expia as faltas da parte) e da complacência policial, dizem alguns. O medo é, desde há 20 anos, um dos sentimentos favoritos dos habitantes. Um residente queixava-se ao JN (06/08/2008) que o clima de terror lhe coarcta a liberdade: não pensa sequer em sair de casa à noite. Um amigo, habitante do Bairro António Sérgio, conta-me que, quando andava na escola primária, era assaltado quase todos os dias.


São os factos que criam a realidade. O Planalto do Ingote enferma de um grave problema de segurança e frágil integração de uma comunidade minoritária – não há como negar a evidência. A possibilidade salvífica encontra-se, não em “sociologias de desculpabilização” ou em medidas repressivas extremas (dignas de um estado policial), mas na contemplação de possibilidades alternativas de coabitação (veja-se o bem sucedido caso do Parque Nómada nos campos do Bolão), na não discriminação da população cigana no acesso ao emprego a nível local, na continuidade de iniciativas como o projecto “Planalto Seguro” e, sobretudo, na promoção do mútuo conhecimento entre comunidades.


De facto, quantas pessoas sabem que os ciganos têm a sua origem, enquanto grupo étnico, no norte da Índia? Que a diáspora do povo “romani” persevera há mil anos? Que chegaram a Portugal durante o séc. XV?


É conhecido o temor que inspira o nomadismo, a impermanência: os ciganos, os tártaros mongóis, os mucubais angolanos, todos são (ou foram) olhados com desconfiança pelos povos sedentários. As normas que determinam o semblante da nossa sociedade não se conformam com visões alternativas das coisas. Toda a diferença é punida, quase sempre anima o medo e a rejeição, o primitivo e animal em nós.


É esta ancestral desconfiança que ainda hoje orquestra as relações entre comunidades. A impermanência ainda rima com impertinência.

(Ontem, 13/08, no Jornal de Notícias)

Etiquetas: , ,