<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d5676375\x26blogName\x3dD%C3%A6dalus\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLUE\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://daedalus-pt.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://daedalus-pt.blogspot.com/\x26vt\x3d5394592317983731484', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe", messageHandlersFilter: gapi.iframes.CROSS_ORIGIN_IFRAMES_FILTER, messageHandlers: { 'blogger-ping': function() {} } }); } }); </script>

7.8.08

Passeio Público

(Estação tonta)

É Verão. É um facto. O calor ataráxico, a letargia insuportável das tardes, a ânsia de água fresca acertam os tempos em que nos movemos (pouco e à sombra, preferencialmente). É Agosto. Um salto desafinado. Um criador de desertos.

A crise económica revela-se insuficiente para conter o êxodo. O mar é um termo desejado. Um rio, uma piscina, uma poça de água – Agosto é uma indisposição temporária e os remédios que o distanciam são muitos. Ainda bem. O mês de Agosto não faz bem à saúde e ficar na cidade ainda menos.

As árvores cansam-se da solidão forçada. A Praça da República esquece as caras dos seus cidadãos. A velha Universidade observa a retirada estival dos estudantes (é fácil ser jovem e fugir para longe) e, obstinada, ensoberbece-se à vista de dois ou três turistas mais resilientes. No pinhal de Marrocos, os incêndios do passado são apenas um verde de ocaso. O Mondego foge definitivamente para os areais da Figueira. Coimbra desiste das suas mulheres e dos seus homens. Deixa-os partir para um sítio qualquer: um lugar presumível, longínquo e a tocar a água.

É Agosto, é assim em todo o lado. No Porto, em Lisboa, em Paris e em Londres. Porque não em Coimbra?

As ruas da cidade soçobram de uma vez por todas perante o torpor de Agosto e da canícula das férias. O tempo para pensar dilata-se indefinidamente mas, informa-nos o mais iluminado cliché, a estação é tonta. Na precipitação da fuga as pessoas crêem irreflectidamente nos discursos reiterados e insistentes. Se o Verão é a «silly season» é porque quase toda a gente acredita nisso. A praia é a única opção possível para a justa vilegiatura dos conimbricences: os dias cálidos e sanguíneos de Agosto solicitam a frescura da água do mar.

No Verão, a comida é leve, a música é ligeira e a literatura é «light». Talvez, mas os dias são longos e há tempo para fazer tudo. No recato contente da praia, podemos beneficiar da leitura, por exemplo, da obra maior de Robert Musil, «O homem sem qualidades». Ou permear o romance mais recente de valter hugo mãe, «o apocalipse dos trabalhadores». Se o calor for excessivo passam-se as férias nos arredores da fresca Moscovo («O primeiro amor», de Ivan Turguénev). A brevidade narrativa (e uma maçã) cai sempre bem entre dois banhos de mar: «Histórias de amor» (Robert Walser) ou «Caravana» (Rui Manuel Amaral) cumprem essa lição substantiva.

Entretanto, Coimbra parou mesmo. É assim há muito tempo. Não culpemos Agosto por isso.
(Ontem, 06/08, no Jornal de Notícias)

Etiquetas: