Isto era um homem #1
D’Arcy Thompson, nome do meio Wentworth (facto honesto, poucas vezes indicado nas biografias), o derradeiro polímato, habituou-se a passear as longas (eu diria veterotestamentárias) barbas pelas ruas de St. Andrews com um papagaio pelo ombro, não sei se o esquerdo ou o direito – sendo certo que ninguém ainda se encarregou de desvendar tão irrelevante detalhe, para usufruto nosso e dos vindouros. Dele se conta que poderia ter sido classicista, matemático ou biólogo – como se não pudesse ser isso tudo de uma vez, ou pelo menos classicista de manhã, matemático à tarde e biólogo durante as refeições. A verdade é que D’Arcy não era homem de um só livro (homo unius libri) solitário, único. Não que isso seja um defeito, ou uma falha de carácter: aos homens de uma só mulher única, e.g., costumam aditar-lhe o halo sacrossanto à figura; ressalva-se, ainda assim, a lírica que lhes compõem em balneários masculinos e cafés de aldeia provincial.
Etiquetas: D'Arcy Thompson