O quilombo
O quilombo, enquanto instituição iniciática, surgiu em África e foi depois reapropriado na América, adquirindo um poder simbólico de resistência ao regime escravocrata. Sendo um movimento típico dos escravos do Brasil, o quilombo inseriu-se nas margens do poder colonial português, constituíndo simultaneamente uma fonte de perigo e de poder. As ameaças à própria escravatura enquanto instituição eram, todavia, exercitadas a nível pessoal, pois terão sido poucas as vezes na formação de um quilombo que existiu uma consciencialização generalizada entre os escravos de que era possível a abolição do regime esclavagista. No entanto, as constantes fugas de escravos, o seu agrupamento em quilombos e consequentes acções marginais, funcionariam sempre como actos intimidativos às instituições do poder.
Dessa maneira, e porque foi desde o início do tráfico de escravos para o Brasil uma aspiração de liberdade e uma ameaça ao centro dominante, o quilombo representa hoje uma das mais importantes formas de resistência colectiva dos Africanos escravizados.