29.10.05
A lágrima não serve para nada se não escorrer pela face quente e lavar o cansaço das tardes perfumadas por odores agrestes, ignotos espinhos nas narinas dilatadas. 24 horas por 7 vezes. O cansaço indulta-me do embaraço de fazer a conta, mas sei que é muito tempo. Não me lembro de nada. Uma semana inteira desencaminhada.
Muito tempo é tempo excessivo quando tudo é um buraco. Negro, sujo, esquecido num brejo cinzento a que alguns chamam cérebro.
28.10.05
27.10.05
Já eras
Vens tarde. Um dia, de tanto te querer, cheguei ao pensamento absoluto de mim. E esqueci-me do que tinhas para dizer sobre nós. Agora nem te conheço, tão distante na proximidade, descoberta pela luz coada da manhã.
26.10.05
25.10.05
20.10.05
Em nós chovia
Hoje saboreei a lentidão do entardecer nos teus olhos. Choravas enquanto a chuva aquietava o nosso abraço de despedida. Alguém que passava dizia: o bom tempo findou.
19.10.05
A mais curta tragédia do mundo
Era uma vez um rapaz que perguntou a uma rapariga:
– Queres casar comigo?
Ela respondeu:
– Sim.
E no dia do casamento ele surpreendeu-a, entre flores esconsas e mesas derrubadas, a pinar com o seu melhor amigo.FIM.
– Queres casar comigo?
Ela respondeu:
– Sim.
E no dia do casamento ele surpreendeu-a, entre flores esconsas e mesas derrubadas, a pinar com o seu melhor amigo.FIM.
18.10.05
100 anos de paixão: só eu sei porque não fico em casa #5
-O que é pior que o onze de Setembro?
-O onze do Sporting.
-O onze do Sporting.
14.10.05
Impressões #6
[Lucien Freud, Girl with a white dog, 1951-1952,Oil on canvas, 76.2x101.6 cm,Tate Gallery, London ]
Etiquetas: Lucien Freud, pintura
13.10.05
11.10.05
Galaitas [1934-2005]
[Foto de Carlos Barradas]
A figura meã, mas altiva, a face marcada pelo transcorrer dos anos e pelo farto bigode à Vercingetorix, a ginga nos movimentos e as palavras encadeadas em enleantes fintas; tudo isto é Galaitas: ou será necessário dizê-lo, tudo isto é um homem que nos leva de volta a um passado que nunca foi nosso. Um homem que sabe agir perante uma mulher e que não tem pudor em dizer-nos como. Já o conhecemos há tantos anos e continua o mesmo: um homem com setenta anos e uma mente sempre catraia.
Vamos sentir a sua falta.
10.10.05
Impressões #5
[Antoine Wiertz, The Premature Burial, 1854, Oil on Canvas, 160x235 cm, Wiertz Museum, Brussels]
Etiquetas: pintura
8.10.05
Basófias
Vêem-se cada vez melhor os teus esqueletos. Desde as longínquas obras que tinhas segredos, que guardavas mistérios nos teus diminutos abismos. Quase que és o mesmo, rio pretérito e esquecido pelas águas.
6.10.05
Trabalho de campo [Breve Manual por Bronislaw Malinowski]
Aprende o idioma nativo, afasta-te dos homens brancos e transfere-te para dentro da aldeia.
5.10.05
Impressões #4
[John Everett Millais, Ophelia, 1851-52, Oil on canvas, 76x111.8 cm, Tate Gallery, London]
Etiquetas: pintura
4.10.05
Autómato
Insónia. Auto-comiseração. Febre. Delírios. Palpitações. Irracionalidade. É tão fácil amar-te e tão difícil dizer-to. Esses teus olhos, cerúleos, encerram a bondade de séculos. Como poderei enganá-los? Talvez te olhe nos olhos, talvez não tenha medo de te olhar nos olhos, e te diga que não te amo. Mesmo assim, acredita que...