A grande assembleia dos instintos
(El Perro, 1819-23, Francisco Goya, Museo del Prado, Madrid)
No momento em que, depois de um combate, o animal vencido abandona a arena da luta todo o cerimonial do instinto de sobrevivência revivesce: a cabeça desce lentamente, os olhos cobiçam a segurança do solo, a cauda remete-se aos silêncios de entre-pernas. Nessa altura, o animal aproxima-se simbolicamente da casa, do território materno. Por vezes, observa-se um movimento de oscilação em que, subitamente, a agressividade que resta leva a melhor sobre o instinto da fuga. Recomeça então o ritual de esquiva, golpe e mutilação. Isto prova simplesmente que nenhuma luta está definitivamente perdida - pelo menos, se atendermos ao inexistente sentido moral da natureza. Amanhã podemos ser o cão batido que levanta a cabeça e morde.
Etiquetas: democracia, Francisco Goya, pintura
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