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11.10.07

Passeio público

É um milagre haver ainda quem sonhe um jardim nocturno nas obscuras ruas da Baixa de Coimbra. A zona não se recomenda. Especialmente de noite, quando as sombras se espraiam sobre o casario deprimido e cediço e os únicos vultos que porventura se distinguem são os das ratazanas, dos faquistas, dos pequenos meliantes e dos toxicodependentes. Quase todos os dias (ou, se quisermos ser mais exactos, quase todas as noites) ocorre um assalto nesta faixa deprimida da cidade. A azáfama dos larápios é tão consistente e reiterada que alguns comerciantes se vêem obrigados a dormir nos próprios estabelecimentos de comércio que pontuam as ruelas da Baixa.
Este acto de genuíno desalento exterioriza de forma clara a confiança que aqueles comerciantes têm na actuação das entidades policiais. Parece óbvio que pouco se tem feito para melhorar as condições de segurança de uma zona ancestralmente privada de boa luminosidade e policiamento nocturnos. As ruas com maior concentração de lojas são pardacentas e estreitas, abandonadas de gente, e por isso mesmo desprotegidas. Mesmo que se cumpram as promessas de maior policiamento nocturno, a Baixa continuará a ser um local inseguro, intranquilo e perigoso.
Desse velho centro de comércio da cidade restam apenas lojas cada vez menos reconhecidas e visitadas, a sinuosidade das ruas nebulosas, o mutismo dos prédios degradados e um vazio de vida, preenchido de forma esparsa e ocasional pela população envelhecida e em decrescendo de efectivos. A dada altura, a cidade de Coimbra - como tantas outras em Portugal - fragmentou-se, dando lugar a duas cidades paralelas. Os antigos centros económicos e sociais, outrora pujantes, tornaram-se lugares ermos e abandonados, áreas deserdadas e fantasmagóricas, onde sobrevivem apenas as memórias dos "bons velhos tempos". Ao mesmo tempo que os núcleos urbanos primordiais iam sendo abandonados, fundavam-se eixos colaterais de habitação e comércio. As pessoas e as funções da "cidade abandonada" transferiam-se paulatinamente para estes novos e incipientes sustentáculos urbanos.
As rondas nocturnas da Polícia serão, realmente, o acontecimento salvífico da Baixa de Coimbra? Eu julgo que não. Sendo importantes, não passam de um paliativo que evita, temporariamente, a total degradação de uma zona inteira da cidade. Perante um cenário de abandono e insulamento, resta-nos interpelar a nossa consciência e inquirir, como Dom Abúndio em "Os noivos", de Alessandro Manzoni "Que fazer?". A redenção dos espaços centrais e históricos das cidades passa pela fixação de pessoas - de habitantes - e pela atracção do investimento privado: restaurantes, bares, hotéis.
Tomemos como exemplo a cidade de Barcelona: em 20 anos floresceu de uma forma extraordinária, sustentada na melhoria das habitações existentes e na manutenção dos residentes e dos bairros característicos do centro histórico. Querer menos do que isto para Coimbra é insuficiente, é perceber muito pouco de urbanismo. A Baixa não sobreviverá apenas com remendos fortuitos e polícias ensonados.

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