Devo parecer a morte
Não escrevi nada. Nem podia. Fui depressa demais ao tesouro escondido sob a terra batida, de passos incansáveis. As crianças sorriam à minha volta. Eu não. Procurei com afinco [aliás, com raiva], fuçando os torrões e as pedras. Encontrei-o, claro, esteve sempre lá. Mas não se deixou arrancar do seu nicho; alcançá-lo assim seria uma violência inusitada, de vistas estreitas. Agora, julgo ver ao longe a placidez da morte. O descanso perpétuo das sepulturas. Um juízo infindo. Atravesso planícies ensombradas pela aporia. A incerteza é a mãe de todas as dores.
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