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15.8.09

Passeio Público

(O animal sem qualidades)
Já o disse uma vez, neste mesmo espaço e nestes termos: não gosto de ratos. Não conheço ninguém que lhes devote sincera afeição (mas há malucos para tudo), que adormeça enquanto lhes dedica carícias e meiguices, que gaste metade do ordenado numa espécie de Pedigree Pal para roedores, ou que os passeie no parque pela trela.

Os livros de história (e a sabedoria do povo) garantem que são os ratos que, perante a ameaça de naufrágio, tomam a dianteira da fuga. São vermes imundos e emporcalhados, dos maiores portadores de microorganismos patogénicos que sulcam o reino animal (não transmitem a gripe A, que se saiba, o que só abona a seu favor). E mais: eles comem tudo; o lixo, os cereais, e até as orelhas dos prisioneiros em celas escuras (existe uma vasta bibliografia sobre o assunto).

A verdade é esta para a maioria das pessoas, liberta de hipocrisias ecológicas: o único rato bom é o rato morto. Por causa dele (e da Yersinia, e das pulgas, e de muita agnosia) morreram milhões de pessoas durante a Idade Média. Não ladra, nem afasta os ladrões das nossas casas. É um animal sem qualidades reconhecidas.

Mas, se calhar, talvez, possivelmente: sempre é belo um rato em Coimbra. Junto à Estação Nova, em dois prédios abandonados, os murídeos orelhudos prosperam. Homenageando Charles Darwin, e as efemérides associadas ao naturalista inglês que se celebram este ano, os ratos que se passeiam na Rua Fernão de Magalhães mostram ao ingénuo passante como se afigura na natureza a “sobrevivência dos mais fortes”.

Coimbra irá apostar em força no turismo cultural – é uma boa estratégia para a cidade. Contudo, eu proponho algo ainda mais radical: a organização de safaris na Rua Fernão de Magalhães, com jipes e guia indígena. As nédias criaturas são já o alvo declarado das objectivas dos turistas, porque não rentabilizar as graças do mundo animal? Permitir que a praga subsista é uma outra forma de afirmar o amor que se sente pela cidade.
(Ontem, 14/08, no Jornal de Notícias)

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