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9.3.10

Passeio Público

{Uma casa não é um museu}
A musealização da vida é uma tarefa extravagante. Quando desaparecem as pessoas, desaparece também a sua vida – o que resta são os objectos, toscos vislumbres de uma existência, e as comemorações dos que sobreviveram. Mesmo assim, tenta-se expor o impossível – um passado arquétipo – e é dessa forma que surgem os museus etnográficos, assim como as casas dedicadas à preservação da memória dos ilustres.

A Casa-Museu Miguel Torga, em Coimbra, é paradigmática. Não tem muitos visitantes. As oportunidades de visita são escassas, devido ao insólito horário de abertura. É fria e despojada. Resiste numa espécie de estase, igual ao que era durante a vida do escritor. É pouco. A vida de Torga não se condensa na memorabilia que perdura na sua casa dos Olivais. Quando se reverenciam os objectos pelos objectos cai-se inexoravelmente no fetichismo.

É por isso que os objectivos de reestruturação e dinamização da Casa-Museu são tão importantes, porque formarão o substrato no qual viverá uma ideia mais abrangente do que foi, e de quem foi, Miguel Torga. Um jardim/atelier pedagógico, um auditório, um espaço de investigação, um filme: a continuação de uma biografia notável, para além da esterilidade das paredes de uma casa.

No futuro próximo, a revivescência cultural da casa de Torga é desejável, não só para a cidade de Coimbra, como para a própria memória do médico escritor. A maior homenagem que se pode fazer a Miguel Torga – para além da mesura óbvia, a leitura dos seus livros – é visitá-lo no meio das suas coisas, e sentir a sua presença na lombada de um livro ou nas palavras de um estudioso. Uma casa não é um museu. Uma casa é onde nos sentimos entre os nossos.
{Sexta-feira, 05/03, no Jornal de Notícias}

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