Passeio Público
(Caminhos & Descaminhos)
A actual conjuntura económica tem servido de bode expiatório para toda a espécie de desmandos e asneiras e se é invocada como justificação para o adiamento de “decisões importantes”, também o é quando se tomam, de facto, essas mesmas “decisões importantes” - que se revelam, o mais das vezes, medíocres ou mesmo desastrosas.
A actual conjuntura económica tem servido de bode expiatório para toda a espécie de desmandos e asneiras e se é invocada como justificação para o adiamento de “decisões importantes”, também o é quando se tomam, de facto, essas mesmas “decisões importantes” - que se revelam, o mais das vezes, medíocres ou mesmo desastrosas.
É neste contexto que deve ser interpretado o recuo do Governo na concessão de uma série de rodovias na região Centro. O dinheiro não sobeja e há que gastá-lo com frugalidade e sapiência. Talvez por isso, o Governo socialista já assegurou a continuidade dos projectos do TGV e do novo aeroporto, em Alcochete.
Não obstante, cerca de trinta autarcas da região Centro não concertam a sua posição pela do executivo de José Sócrates e exigem explicações para a suspensão das concessões rodoviárias da Serra da Estrela, Vouga, Tejo Internacional e Ribatejo. Não é fácil reprovar decididamente o Ministério das Obras Públicas (lembremo-nos uma vez mais da conjuntura económica) mas percebe-se, sem grande esforço, quem são os maiores prejudicados com esta decisão: os concelhos do Interior, precisamente aqueles que mais amargam com a escassez de boas vias de comunicação.
O concurso para a concessão “Auto-Estradas do Centro”, pelo menos, vai avançar – apesar das dilações do prazo para a entrega de propostas. A ligação Coimbra-Viseu afigura-se crucial para o desenvolvimento económico da região que permeia as duas cidades e é uma aspiração de há muitos anos: de autarcas, munícipes e simples passantes.
Numa viagem recente de automóvel até Lyon pude confirmar que o IP3 (a actual ligação entre Coimbra e Viseu) é, sem dúvida, o pior troço de estrada em mais de 1500km. Aquela parcela de alcatrão é uma monstruosidade que não merece ser a coluna dorsal rodoviária do centro do país.
(Hoje, 05/02, no Jornal de Notícias)
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