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9.1.10

Passeio Público

Um balanço: duas crónicas
(Um balanço mínimo)
Hoje (um de Janeiro de dois mil e dez) começa um novo ano. Mas não é só: a data assinala, também, o início de uma década nova. Deste contexto balbuciante, ou desta, chamemos-lhe assim, data incipiente, não há ainda nada a dizer. A última década, pelo contrário, foi tiranizada pela disseminação global de “acontecimentos”, de “casos” e de “incidentes”, uns mais lamentáveis que outros, alguns benignos e agradáveis, outros simplesmente pavorosos - mas todos, de certo modo, importantes.

Da proliferação das redes sociais na internet, do 11 de Setembro, da maioria socialista ou da eleição de Barack Obama, deixarei que outros falem. Coimbra serve perfeitamente como ponto de partida (e de chegada) para um balanço mínimo da década que ora finda. Afinal, é de Coimbra que se extrai a concretude essencial destas crónicas.

Comecemos pelo início (honrando a tradição): a cidade de Coimbra, contrariando as expectativas dos cépticos, mudou muito desde o quase longínquo ano dois mil. Mais prédios (mas os preços da habitação continuam altíssimos), mais empresas tecnológicas, mais encerramentos de empresas “tradicionais”, mais desempregados, mais jardins (o magnífico «Parque Verde»), mais pontes, mais pólos universitários, mais idosos residentes. Um fartote. No meio do turbilhão, um nome incontornável: Carlos Encarnação.

O presidente da Câmara de Coimbra foi eleito em 2002 e, desde então, a sua influência sobre a cidade de Coimbra tem aumentado - para o bem e para o mal. Uma teoria adequada da moralidade depende da disjunção entre os propósitos e os resultados. Encarnação, durante oito anos, teve boas intenções mas não tão bons resultados. Falhou no principal, o desenvolvimento económico, mas também em aspectos subsidiários, mas importantes, como a cultura, a habitação ou os transportes públicos.

Os transportes e as vias de comunicação configuram, de resto, outro emblema da década conimbricense. A desilusão reiterada e incompreensível do projecto do metro ligeiro de superfície, iniciado formalmente em 2002, e a luta cívica contra a destruição de uma parte da mata do Choupal marcam definitivamente os anos mais recentes da cidade.

A passagem do Euro 2004 por Coimbra, a reconstrução do estádio e as tramas que se urdiram à sua volta, o Hospital Pediátrico por vir, a Ponte Europa/Rainha Santa, a recuperação do Convento de Santa Clara-a-Velha, a vereação de Mário Nunes, e outros assuntos, ficam para a semana. O ano é fresco, e o tempo ainda sobra para balanços tímidos.
(01/01 no Jornal de Notícias)

(Um balanço mínimo: conclusão)
Dir-me-ão, em consciência, que é difícil – ou mesmo impossível – compilar um breviário crítico de uma década inteira, mesmo que os assuntos convocados visem apenas um minúsculo retalho da geografia terrestre: a cidade de Coimbra. Não obstante, o balanço é necessário, e inevitável. O passado revela-se nestas listas e verificações de fim de década e consuma-se assim definitivamente, cedendo alguma experiência aos cidadãos e agentes políticos da cidade.

Durante a primeira década do século, a cultura da cidade foi tratada com delicadeza filisteia pelo ex-vereador da cultura da Câmara Municipal de Coimbra (CMC). Mário Nunes, verdadeiro fazedor de milagres, fomentou desavenças com agentes culturais, assistiu impotente à nomeação de Guimarães como Capital Europeia da Cultura de 2012 e desprotegeu a única grande sala de espectáculos da cidade, o Teatro Académico de Gil Vicente.

É certo que o Museu Machado de Castro e o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha reabriram, após anos de restauro, mas estes dois pólos de cultura verdadeiramente excepcionais devem pouco à CMC e ao responsável pela vereação da cultura.

Em 2004, Coimbra acometeu os lares da Europa do futebol. Os jogos da Suíça contra a Inglaterra e a França marcaram a fugaz, mas intensa, passagem do Euro 2004 pela cidade do Mondego. Dessa experiência memorável, remanesceram as latas vazias de cerveja, consumidas em barda pelos adeptos ingleses, e um estádio incaracterístico (nem sempre se acerta no seu nome, a pista de atletismo «afasta» os adeptos do relvado), sobredimensionado (a lotação não esgota sequer nos jogos com os clubes ditos «grandes»), fonte de polémicas e disputas legais (o que dizer das relações tumultuosas da tríade AAC/OAF, CMC e TBZ?). Não obstante, é um estádio com uma arquitectura agradável e o centro comercial que aquartela sobeja em lojas e cinemas (em quase tudo iguais às lojas e cinemas do outro grande centro comercial da cidade) e possui um hipermercado com boas promoções (como, de resto, todos os hipermercados da cidade).

Mal ou bem, na última década construiu-se um estádio em Coimbra, mas não um novo hospital Pediátrico, obra plácida e infinda – como outras na cidade (ex: o Metro Ligeiro de Superfície). A fixidez e a mansidão parecem ser, aliás, as imagens de marca da década, uma espécie de reactualização antrópica do ramerrame do velho “basófias”.
(Ontem, 08/01, no Jornal de Notícias)

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