Passeio Público
(Turismo e memória)
A cidade de Coimbra, através da sua empresa municipal de Turismo, arremeteu sobre Espanha, lançando uma nova campanha de promoção turística num mercado prioritário e preferencial. O objectivo é simples e diáfano, pretendendo-se o alargamento dos canais de colaboração com agentes turísticos espanhóis e a sedução de um maior número de turistas.
A aposta reiterada dos mediadores de turismo da região Centro sobre o mercado espanhol parece inquestionável e positiva. A megalomania deu o lugar à sensatez. Devemos assimilar de uma vez por todas a indispensabilidade de forçar limites e, talvez, pensar em agir numa área suficientemente pequena para que todos os resultados sejam convincentes.
O mercado espanhol é o que melhor se adequa às especificidades e necessidades do turismo no Centro por duas prosaicas razões: a distância geográfica entre as duas regiões é reduzida (e, de qualquer forma, mitigada pelas boas vias de comunicação) e as manifestações culturais da região Centro (e especificamente de Coimbra) compõem um reticulado fascinante de história, tradição, nostalgia e modernidade que, visivelmente, são do agrado do turista espanhol típico.
Depois de um longo ciclo pascal que atravessou a cidade e os seus arredores com o fausto cultural que lhe é característico torna-se perspícuo que a nostalgia da tradição é um universo de potencialidades infinitas nas quais se incluem, obviamente, as possibilidades económicas e turísticas. Coimbra perdura nas pedras da Universidade mas também na visita pascal (o famigerado “Compasso”), numa actuação do Orfeon Académico ou nos recantos inexplorados do Centro de Estudos de Santo António.
A exploração da nostalgia é legítima, e até benéfica, conquanto não sirva para exaurir o sentido profundo que perpassa muitas das exteriorizações culturais da cidade. O interesse dos agentes turísticos deve manter-se na memória e não na revivescência plastificada do passado.
(Ontem, 16/04, no Jornal de Notícias)
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