As escadas
Se eu decidir avançar as escadas vão estar, como sempre, à minha disposição; serão o meio pelo qual eu chegarei a um ponto mais elevado, tendo partido, obviamente, de um ponto mais baixo - reparem que falo de posições cartográficas e não de estados de espírito ou de feitio e carácter.
Os degraus não são especialmente íngremes ou perigosos; no entanto, os muros altos que ladeiam a escadaria fomentam no perfumado passante um certo temor relativamente à vida e aos escolhos que por ela se insinuam - se não em todos os momentos, pelo menos quando a hora pede um passeio por lugares estreitos, escuros e frequentados por indivíduos com a cobiça nos olhos e a faca na mão.
Arrisco a subida: a minha chegada ao ponto mais elevado é sumamente desejada; por mim, por uma senhora que me espera e pelos tais indivíduos de, digamos, perversa catadura. Toc-toc-toc, nada a declarar. A ascensão faz-se bem, e a bom ritmo, as horas que perco no ginásio vão fortalecendo o meu coração. Chego atrasado. Malditas facas que permaneceram quietas (e não me fizeram correr mais).
Etiquetas: devaneios
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