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2.10.08

Passeio Público

(Respirar [debaixo d’água])

Porque é que Coimbra pode ser a capital regional da água? Pergunta embaraçosa, por certo, mas que não está para além de todas as conjecturas. Se fugirmos da especulação podemos responder com as palavras de Nélson Geada, administrador executivo da empresa multimunicipal Águas do Mondego: sim, porque a cidade tem “água em quantidade e com qualidade”.

Um ou dois dias depois da entrevista à Rádio Regional do Centro, as palavras de Geada degelavam nas aturdidas águas de um tanque improvisado junto a Santa Cruz. Culpa da chuva. Cai sobre o chão depressa demais, em coléricas quantidades e sem que ninguém a convoque. No entanto, devíamos contar com ela. O Verão não cativou os resplendores do sol e não há razões para acreditar que o Outono ou o Inverno ultrapassem incólumes as (des)graças da meteorologia.

Um Domingo qualquer. Como se fosse um sinal adiado até ao limite do possível, a profanação inquieta das águas sobre os degraus da Igreja de Santa Cruz comprovou a prosaica arbitrariedade da natureza. Uma hora (talvez um pouco menos) de aguaceiros consubstanciou as fragilidades no escoamento de água de uma cidade que convive estreitamente com o rio.

Os prejuízos foram menos graves que nas inundações de 2006, e menos ainda que em 2001. No entanto, é clara a advertência da história: Coimbra não está preparada para “apaziguar” a impetuosidade eversiva e devastadora das chuvadas torrenciais – que, como sabemos, não são assim tão invulgares e exóticas. Sempre que a procela é repentina, a Praça 8 de Maio, por exemplo, fica inundada devido à inexistência de saídas de água suficientes para escoar o caudal produzido.

Carlos Encarnação, presidente da Câmara Municipal de Coimbra (incumbido, também, da gestão do pelouro da Protecção Civil), lamenta o sucedido mas, irmanado a Pilatos, alivia as suas mãos de culpas e responsabilidades ao admitir desanimadamente a inevitabilidade da situação.

É, porém, evidente que Encarnação não acredita piamente nesse fatalismo relevado da meteorologia. Nesse sentido, o presidente da Câmara pondera que o escoamento das águas poderá ser facilitado pelo desassoreamento do rio Mondego. A construção de uma conduta entre a Praça 8 de Maio e o Rio Mondego poderá contribuir para a resolução do problema. Enfim, que não se despreze, também, a manutenção de esgotos, grelhas ou valetas. As chuvadas explicitam a negligência furtiva: as sarjetas entulham-se, o lixo conjura-se nos pontos de escoamento, a água subjuga a cidade.

A água não guarda segredos. O homem nasceu nela e devia conhecê-la bem – devia saber que ela não se compadece com o desleixo nem se comove com a fraqueza de quem se senta à espera de um qualquer destino irrevogável.
(Ontem, 01/10, no Jornal de Notícias)

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