Freud
(Jean-Baptiste Oudry, 1753, Natureza-morta com pato branco, Colecção particular da Marquesa de Cholmondeley [roubado])
Ceci est un canard. Às vezes um pato é apenas um pato, mesmo que esteja morto e deposto a meias sobre uma parede e uma mesa em posição pouco confortável. Nesta natureza-morta, Jean-Baptiste Oudry trabalha honestamente a realidade através de uma descrição multifocal da cor branca. A paleta de brancos do pato morto, da toalha de damasco, da vela num castiçal de prata, da taça de porcelana é traduzida de forma icástica e sem artifícios; a sugestão alegórica é negada pela exploração magistral da aparente (contudo, inexistente) monocromia da cor branca. Toda a artificialidade se afunda sem deixar rasto quando o pintor decide camuflar a sua «visão pessoal», o seu «comentário crítico» ou o seu «libertarianismo estético». A realidade (ou melhor, a "artificialidade" da composição desconstruída pela ironia de Oudry) chega intocada aos olhos do espectador.
Etiquetas: Jean-Baptiste Oudry, pintura
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