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22.8.08

Passeio Público

(Uma fina linha)

O mundo é cruel e não se inquieta com a sorte daqueles que o povoam. Depois de um ano as notícias, geralmente, capitulam na semi-obscuridade. Perdem-se no turbilhão de dados que, de forma ininterrupta, somam um pouco mais de informação à nossa versada ignorância. Não obstante, algumas histórias, ásperas e irregulares, são difíceis de esquecer e adejam, como uma chaga pungente, no remorso da memória.

Pouco tempo depois de surgirem os primeiros apontamentos noticiosos relativamente ao homicídio de uma jovem universitária na Quinta da Portela em Coimbra, esfaqueada pelo namorado (também ele jovem e universitário), já a violência e crueza do crime se insinuavam indelevelmente nas reminiscências que reúno e arquivo como um simples autómato alijado de vontade própria.

O presumível homicida, agora com 24 anos, vai começar a ser julgado em Setembro no Tribunal de Coimbra e, como não é estrangeiro, pobre, cigano, analfabeto ou toxicodependente, parece não assentar nos perfis repetidos “ad nauseam” pelas réplicas de café de Cesare Lombroso (há uma espécie de reprodução identitária que corrompe uma parcela expressiva das consciências portuguesas).

Os tiroteios na Quinta da Fonte e no Planalto do Ingote, o assalto ao BES ou as rixas entre gangues na Quinta do Mocho são as notícias que atraem para o foco da actualidade criminal todos os estrangeiros, todos os negros, todos os ciganos. Procuram-se as causas e as motivações para o crime na cor da pelem na etnia e na nacionalidade. Reforçam-se os preconceitos, procura-se a lã no sino. Para além do estereótipo, qual é a realidade?

É bem diferente do que imaginam os justiceiros graduados nas mesas de café. As conclusões apresentadas num estudo conduzido por Hugo Seabra e Tiago Santos são inequívocas: a maior criminalidade dos estrangeiros (o cigano e o negro são estrangeiros mesmo quando são portugueses) face aos portugueses é ilusória.

As notícias que enchem os jornais só nos mostram como pode ser ténue a linha que separa a canalhice da santidade. Em qualquer etnia, classe social ou nacionalidade.
(Anteontem, 20/08, no Jornal de Notícias)

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