Das coisas deste mundo
Isto é sempre assim. É Portugal. É o nosso país. É a confusão e o deixa andar, o dolce far niente burocrático [em estrangeiro soa sempre melhor]. É sempre assim. Sou eu. Um ser babélico, dado à desordem. As aulas começaram há duas semanas e só hoje percebi que ando a leccionar nos dias errados - o outro professor apareceu finalmente e deu de caras comigo, alapado no lugar dele, quando contava só com as miúdas do 3.º ano. Ainda por cima o professor da disciplina rival. Ah, pois, que as disciplinas também são danadas para a ciumeira e para a luta de classes. Ele até pode ser melhor professor que eu [e é] mas é gordinho e ligeiramente calvo e ensina sociologia. Tenho pelo menos três vantagens sobre ele, toma! O que é certo é que às dez da manhã eu estava despachado das aulas e das minhas seis alunas. FNAC com o menino. O B. faz hoje anos [a propósito, parabéns!] e como ele me pediu o último livro do Carlos Castro [Solidão povoada, Ed. Livros D'Hoje] lá fui eu fazer o jeito ao rapaz. Entrei, passei aquela parte - mais fixe - dos computadores e das têvês e parei junto ao Malhadinhas. [Suspiro]. Porra, pensei eu, vou ter que lê-lo outra vez. E li mesmo. Duas horas, em pé e de t-shirt amarela. Já não levas o Carlos Castro, pá. [Também não levas o Malhadinhas, esperem lá que já vos conto]. Já li o Malhadinhas algumas cinco ou sete vezes. Depois de O Corsário Verde [o Salgari é outro que já ninguém lê] é o livro que já li mais vezes. É uma obra prima, é genial, é fantástico, é de rir. Aquilo é uma anedota de cento e tal páginas e digo isto como elogio. O B. faz anos mas ainda está longe dos 50. Como disse o Eduardo, quase ninguém com menos de 50 anos lê o Aquilino. Por isso achei melhor comprar-lhe o XXX do YYY [amanhã digo, não quero estragar a surpresa ao aniversariante]. É daqueles que a malta dos blogues gosta. Aprovado, magna cum laude, pelos gerontes da crítica. Não tem piada nenhuma, o livro. Até o título dá seca. Desculpa lá B. Eu empresto-te o livro do gajo de Barrelas. E depois dizes-me se eu tenho ou não tenho razão.
Etiquetas: devaneios, impressões, literatura
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