O dono da bola
Durante os anos da minha infância, encravada nos anos 80 duma aldeia do concelho de Coimbra, a recreação maior das crianças portuguesas do sexo masculino não diferia muito do passatempo dos gaiatos das gerações anteriores ou posteriores. Um rectângulo de terra batida, duas pedras de cada lado – à laia de baliza – e uma bola constituíam o mínimo denominador comum dos futebóis – quem, da minha criação, se não lembra dos épicos jogos da “segunda” contra a “quarta”? – que, um pouco por todo o país, aqueciam os parcos intervalos escolares no Inverno do ano. Lembro-me que havia sempre um miúdo, que talvez até nem tivesse muito jeito para o jogo, que era o dono da bola. Quando o catraio se chateava, ia embora e levava a chincha com ele: quem não revisitou, pelo menos uma vez, esse evento mítico no pátio da sua escola?
Santana Lopes é um garoto. Desculpem-me os garotos, se os ofendo. Miúdo birrento, chateou-se quando o presidente, farto da sua incapacidade para o jogo da governação, o mandou para casa mais cedo. Demitindo-se, quis levar a bola para casa, esquecendo-se, porventura, que a bola já não era dele. Que nunca foi dele.
Santana Lopes é um garoto. Desculpem-me os garotos, se os ofendo. Miúdo birrento, chateou-se quando o presidente, farto da sua incapacidade para o jogo da governação, o mandou para casa mais cedo. Demitindo-se, quis levar a bola para casa, esquecendo-se, porventura, que a bola já não era dele. Que nunca foi dele.
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