Morte no estádio
A lua recurva adorna o céu exumado da derradeira estrela. Há pouco, antes do frio chegar, corrias atrás da bola no baldio perto da velha fábrica de calçado. Um dia a fábrica faliu – foi deslocalizada, como se diz agora –, e grandes camiões levaram as máquinas de cortar e alisar o curtume, os grandes moldes e os restos de couro para longe. Para terras distantes e ignotas. Mais tarde correste atrás da bola nessas terras distantes e morreste durante a tarde, o campo ajaezado pela intensidade fulgente do sol e pelos festejos dos teus golos. Morreste a fazer o que mais gostavas, presumo. Mas morreste. E isso é para sempre.
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