Adeus siô
Antes de partir quis despedir-se da criadagem. O capataz Rocha regrou a descoordenada coorte no pátio da roça, perfilando-os como antigamente, antes de trocar o ofício de sargento pelo de aventureiro, perfilava os mancebos nos primeiros dias de recruta em Santa Margarida. O Dr. Freitas, impecavelmente trajado – o branco do fato de algodão contrastando com o negro das botas de montar – começou por apertar a mão aos homens: o negro Romero, criado de dentro, o negro Matias, cozinheiro, o negro Vicente, jardineiro, e outros homens negros, com outros nomes e outras funções naquela casa. Às mulheres, paternal, obsequiou-as com um beijo na testa – se não fossem todas negras era vê-las a corar – e um abraço. A última, Maxine, atraiu o patrão [ex-patrão, é a independência, diziam os camaradas que lutavam ainda no mato] junto ao seu corpo e depois de o beijar duas vezes na face disse-lhe ao ouvido:
-“Nunca vou deslembrar de si patrão”.
O Dr. Freitas, surpreso: -“Ah sim? E Porquê?”
- “Enquanto eu me lembrar do siô, Deus vai lembrar o mal que nos fez. E o Demónio, quando o vier buscar, também.”
-“Nunca vou deslembrar de si patrão”.
O Dr. Freitas, surpreso: -“Ah sim? E Porquê?”
- “Enquanto eu me lembrar do siô, Deus vai lembrar o mal que nos fez. E o Demónio, quando o vier buscar, também.”
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