Os Reis do Mundo e o alvor do divino
“Quando a proa da acanhada barca de vela latina embateu no velho pontão de Aigues-Mortes no delta do Ebro, o marulhar recidivo e lento do Mediterrâneo congraçou-se com os grasnidos das gaivotas e o bramido do Mistral numa Hossana nunca ouvida naquele solo meridiano. Do batel desceu um homem de estatura meã mas cujos braços foram suficientemente fortes para carregar o ditoso madeiro da cruz no caminho do Gólgota. E José de Arimateia era o nome desse homem e a sua sagrada carga o Graal, cálice sacrossanto usado na Última Ceia em Jerusalém pelo Nazareno e os doze. E com ele estava um homem, a sua mulher e os filhos, que viriam a fundar a gloriosa dinastia dos Capetos, os Reis do Mundo. Porque a sua força e o seu poder vieram do Graal, Jesus Cristo, o Homem ao lado de José de Arimateia, pai do rei de França, o Rei do Mundo. E eu porque sou francês e Inácio espanhol, acredito e ele não. E por isso morro no sacro lume da Santa Inquisição. Que Deus guarde a minha alma.”
(Fragmentos de uma Carta manuscrita de Guillaume de Postel, datada de 1581, encontrei-a e li-a no francês original em 2002)
(Fragmentos de uma Carta manuscrita de Guillaume de Postel, datada de 1581, encontrei-a e li-a no francês original em 2002)
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