<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d5676375\x26blogName\x3dD%C3%A6dalus\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLUE\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://daedalus-pt.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://daedalus-pt.blogspot.com/\x26vt\x3d5394592317983731484', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe", messageHandlersFilter: gapi.iframes.CROSS_ORIGIN_IFRAMES_FILTER, messageHandlers: { 'blogger-ping': function() {} } }); } }); </script>

28.8.08

Passeio Público

(Maus ares)

Num dos seus livros, o antropólogo Alfred Gell aludia ao encantamento que a tecnologia produz no público, encantamento que procede da dificuldade que temos em conceber um objecto tecnológico ou artístico como fazendo parte do mundo palpável e que só nos é acessível por um processo técnico que, transcendendo a nossa compreensão, nos força a concebê-lo como mágico.

Na realidade, nem todo o encantamento é mágico e nem toda a magia é encantatória. Pelo menos se não nos ativermos ao significado habitual de “encantamento”, moldando em nós o lugar do deleitoso e do admirável. Uma parte do “feitiço” da tecnologia revela-se negra e perigosa e isso tornou-se manifesto após as bombas de Hiroxima e Nagasáqui.

Neste contexto entroncam as desconfianças e incertezas que justamente empatam o processo de queima de resíduos na fábrica de cimento da Cimpor, em Souselas, e, mais recentemente, a instalação de uma central termoeléctrica (Central Térmica de Ciclo Combinado) em Taveiro.

Em Souselas, o presidente da Junta de Freguesia, João Pardal, lamenta as lacunas na informação ambiental, responsabilizando a apatia da Cimpor e das entidades reguladoras do ambiente. As nuvens de pó que por vezes envolvem a cimenteira, a morte de peixes no rio Botão ou o malogro discreto da cobertura vegetal são alguns dos incidentes que desencadeiam a reacção preocupada de Pardal. A suspeição dos habitantes de Souselas relativamente aos supostos malefícios ambientais da Cimpor aumenta num cenário de sonegação de dados, que poderiam contribuir para a identificação dos problemas referidos.

Julgo não ser necessário sublinhar a importância do estabelecimento de protocolos de confiança mútua entre o tecido empresarial, as entidades reguladoras e as populações. A troca de informação não encorpa um gesto demasiado complexo. Até porque a nova directiva europeia relativa à responsabilidade ambiental acaba de ser transposta para o direito nacional. Os silêncios e os segredos desaparecem num cansaço enlutado de derrota.
(Ontem, 27/08, no Jornal de Notícias)

Etiquetas: