Cânone ocidental
PEDRO BARBOSA (COM O NÚMERO 8)
Desenhas o teu jogo com um compasso
Com desprezo do esforço e do excesso
Onde não há, tu inventas novo espaço
Levando a bola até onde já não a meço
Tão veloz que não permanece na retina
E apenas surge no golo em conclusão
Afagas a bola numa ternura repentina
Como se de repente o pé tivesse mão
«Feito num oito» fica quem tu enganas
No drible mais inesperado e imprevisto
Em vez de dias tu permaneces semanas
Na memória de quem fez o seu registo
Tu não és o altivo artista mas o artesão
E se jogas sempre de cabeça levantada
É porque a distância da bola ao coração
É tão pequena como um grão de nada
[José do Carmo Francisco; «Pedro Barbosa, Jesus Correia, Vítor Damas e outros retratos», Padrões Culturais]
[Roubado daqui, com leoninas saudações ao Zé Mário e ao Filipe Moura]
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