Julho
Desço as escadas três a três, sucumbido pela estreiteza dos degraus, imponderando os riscos de queda – não sou mulher pós-menopáusica e se cair não quebro o colo do fémur, talvez só um braço –, secretamente ansiando que os anjos existam e me amparem o trambolhão. Mas porquê esta urgência, tão desajustada numa manhã cinzenta e quase fria, nem parece que estamos no verão do ano, tão caótica e saturnal num edifício adormecido pela modorra dos exames? A porta aberta, franqueada à escassa luz do dia e aos fortuitos passeantes, pressagiava um momento de alívio ao eterno penar de um rapazinho desiludido. Lá fora, um café ou os teus olhos da cor de Julho.
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