Reflexões em torno de um ossário
Nestes últimos dias tenho observado com interesse, maior que o denunciado num post anterior, a reacção das pessoas à visão esmagadora de um amontoado mastodôntico de ossos humanos, brancos como a pele de uma estereotipada dinamarquesa e augures óbvios da nossa finitude. A verbalização de que mais gosto é esta, com pequenas e insignificantes variantes: “O que nós somos e no que nos vamos tornar… Tanto faz ser pobre como rico, vai dar tudo no mesmo…”. Expressão seguida, não raramente, de gargalhada sonora e franca. Mais que o inteiramento da efemeridade da vida, o que me comove nesta palavras é o desejo que transparecem - a esperança de que a morte é a suprema niveladora [o catterpillar da assimetria social, económica, política ou religiosa]. A esperança de que lá fora, na noite eterna, todos são iguais, um monte de ossos brancos como a pele de uma estereotipada dinamarquesa.
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