Ridiculous thoughts – Linguagem entre os animais
Kanzi falando consigo mesmo
Infelizmente, uma boa porção dos cientistas sociais rejeita, implícita ou explicitamente, a evolução do homem nos moldes observados em todas as outras espécies, erigindo reiteradamente um Rubicão que separa o humano do não humano, nós do Outro animal: esse Rubicão coincide usualmente com a impetração de um sistema de linguagem. Os prosélitos da particularidade humana postularam um algar inultrapassável entre as capacidades mentais dos humanos e dos grandes símios [chimpanzés, bonobos, orangotangos e gorilas]. Os critérios de distinção centraram-se, inicialmente, no uso de instrumentos e, mais tarde, nas capacidades cognitivas e linguagem, os últimos baluartes das potenciais diferenças de natureza. Mas, podem mesmo os grandes símios usar a linguagem, apesar de não a adquirirem na natureza? Esta cogitação fascinante foi ideada no início dos anos 20 do século passado por Yerkes, que estava bem ciente das diferenças cognitivas entre os hominóides e o resto dos primatas. Yerkes sugeriu que, como os chimpanzés pareciam incapazes de emitir um espectro considerável de sons de forma a utilizarem linguagem verbal, o melhor método de pesquisa seria a utilização de linguagem através de signos. Os estudos realizados desde os anos 60 do século passado, pelo casal Garden, com o chimpanzé Washoe e por outros cientistas mostraram que, em interacção estreita com os humanos, os orangotangos, chimpanzés, bonobos e gorilas [Kanzi, Sherman, Loulis, Lana, Moja, Tatu, Dar ou Austin, entre tantos outros] podem aprender a usar sinais visuais ou sons vocais com o intuito de estabelecerem uma comunicação simbólica. O homem por vezes não se reconhece no espelho.
[Mais sobre a origem da linguagem aqui]
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