Apólogo irrealmente fictício e desde o início talvez romanesco
O que o abalou foi isso, o esquecimento. O opróbrio do oblívio. Só que não foi isso e ele não sabe. Se ele soubesse que naquele dia ela não tinha saldo no telemóvel, que não havia nenhuma estação dos correios por perto, que o Golf estava na revisão, que todos os deuses murmuravam contra a possibilidade de um encontro. Não. Ele não sabe e por isso finge que não a ama mais, fabula a sua própria morte aos olhos dela. A inquietude frenética na vermelhidão dos seus olhos, o passo arrastado no chão imaculado do café, a beata esmaecida nos lábios roxos, tudo o denuncia. Tudo conspira contra si e contra o olvido de si próprio. Enquanto ele chorar não vai esquecer.
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