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28.9.09

Arrows of desire


(Guido Reni, São Sebastião, Museu do Prado, Madrid)
É possível que a tensão homoerótica no(s) «São Sebastião» de Guido Reni seja tão profunda e dilacerante que não poucas vocações heterossexuais se arruínem por motivo tão simples como a observação da(s) obra(s) num catálogo barato de museu. Afinal (o facto é incontroverso), o adolescente Mishima experimentou o seu primeiro orgasmo, que suponho compensador (e não o são todos?), quando contemplou, aprazido e de olhos em bico, uma das sete telas que Reni destinou ao santo trespassado. Reni gostava pouco de fêmeas – o que explica muita coisa. Viveu 55 anos com a mãe e, depois da morte desta, não mais permitiu que uma filha de Eva lhe lavasse a roupa interior. Daí ao torso marmóreo de Sebastião, vezes sete, e ao desvario dos cabeleireiros com o «coitadinho do mártir» foi um pequeno passo.
Coitado do mártir? Com certeza. Perfurado mas puro? Anti-erótico ou homoerótico? Tudo é possível. As hipóteses sucedem-se, como os dias num ano, mas pouco me importa o desfecho hermenêutico, seja ele qual for. Se preferirem, reduza-se tudo às «arrows of desire», aos caracóis do cabelo e ao pano branco de linho, enrolado como se residisse no meio de um furacão. As possibilidades interpretativas são quase muitas, pelo menos sete. Que sobre isto se redijam longas teses, e enfadonhas quanto baste – já li algumas e abdico de ir além de uma breve exposição das possibilidades. Felizmente, prefiro o «Martírio de São Bartolomeu», de Jusepe de Ribera: mais feio, mais desengraçado, mais verdadeiro.

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