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29.5.08

Passeio Público

(Play it again, Sam)

Casablanca. Um dos filmes da minha vida. Talvez um dos filmes da vida do improvável leitor. Porque avoluma a filmografia de culto?

Possivelmente desconhecem que foi rodado dia após dia, sem que ninguém, ou quase ninguém, soubesse como iria terminar a história. É, por isso, fragmentado e desarticulado - como a Bíblia, uma das obras estruturantes das utopias ocidentais. Ingrid Bergman, sobretudo, concorre para a genialidade de Casablanca. Sem saber qual o homem que iria escolher, sorria a ambos com igual ternura e ambiguidade, fascinantemente misteriosa. Magnífica.

Talvez recordem a célebre expressão de Ilsa Lund (a personagem interpretada por Bergman), quando entra no Café Américain: “Play it again, Sam”. Na verdade, esta frase nunca foi dita durante o filme (aparece mais tarde em “A night in Casablanca”, dos irmãos Marx). Um lugar-comum falso, contrafeito.

O cinema vive de chavões (e da inexactidão dos mesmos). Um estribilho vulgar, repetido “ad nauseam”, refere-se a esse conglomerado vago e indefinido conhecido por “cinema português”: aborrecido, mal feito, “teatral” e (é absolutamente necessário repeti-lo) aborrecido.

Uma percepção injusta e preconceituosa? Se considerarmos, por exemplo, a selecção de filmes da 15.ª edição dos “Caminhos do Cinema Português” (organizado pelo Centro de Estudos Cinematográficos da Associação Académica de Coimbra), a resposta é, sem dúvida, afirmativa. No único festival absolutamente votado à cinematografia portuguesa, figuraram 39 películas (curtas e longas-metragens de 2007) na competição oficial. Mas os filmes projectados ultrapassaram a centena.

Falamos, e isto é notável, de um projecto severamente limitado pelas restrições orçamentais (o subsídio atribuído pelo Instituto do Cinema e Audiovisual declinou para valores miseráveis). Não obstante, todas as sessões foram gratuitas. Para além disso, e talvez mais importante, a maioria das obras apresentadas conjugam um valimento que não cede à mediocridade (apenas “Corrupção”, do produtor Alexandre Valente, não devia “pertencer” a este festival) com um apelo despretensioso ao público furtivamente interessado no cinema luso.

Nos “Caminhos” exibiu-se um cinema que não projecta mais um olhar entediante e protelado sobre a nossa (i)rrealidade. A essência dessa metamorfose revelou-se com uma fina intensidade e clareza nos meus próprios olhos.

(Ontem, 28/05, no Jornal de Notícias)

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